Título: Para Lula, avanço de Heloísa Helena é 'ótimo'
Autor: Denise Chrispim Marin e Marina Guimarães
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/07/2006, Nacional, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou ontem que não se preocupa com o aumento das intenções de voto na sua adversária Heloísa Helena, senadora expulsa do PT e hoje candidata do PSOL à Presidência. Ontem, logo depois de desembarcar em Córdoba, na Argentina, onde participará hoje da 30ª Reunião de Cúpula do Mercosul, Lula declarou que considera "ótimo" o avanço de sua concorrente - mesmo que esse movimento torne cada vez mais difícil sua vitória no primeiro turno - e ressaltou que espera o mesmo de outros candidatos.

Mas evitou responder diretamente se os resultados mais favoráveis a Heloísa Helena mostram que uma parcela do eleitorado não se identifica nem com o PT nem com o PSDB. "O crescimento dela é importante para a democracia."

Lula fixou 1º de agosto como data de largada de sua campanha pela reeleição. Bem-humorado, adiantou que, para conciliar a agenda de candidato com suas responsabilidades como presidente terá de pedir à primeira-dama, Marisa Letícia, e reservar os finais de semana para as viagens de campanha.

"Vamos ter de fazer muita coisa de final de semana. Eu quero até pedir à Marisa que tenha paciência a partir de 1º de agosto porque, até outubro, eu vou ter de viajar todo o Brasil", afirmou. "Se ela puder ir comigo, ótimo. Senão, eu vou ter de fazer campanha, porque percebi que meus adversários não vão fazer campanha por mim. Eu é que vou ter de fazer mesmo."

O presidente minimizou os resultados das últimas pesquisas relativos a seu próprio desempenho, que vem recuando. Declarou que nunca se preocupou com pesquisas. Lula desvencilhou-se de uma pergunta sobre as expectativas de se reeleger no primeiro turno. Repetiu que sua campanha começará "para valer" apenas em agosto e acentuou que só "a partir daí a gente vai ver o que vai acontecer" e arrematou com uma referência ao futebol. "Por enquanto, isso está que nem as eliminatórias na Copa do Mundo. Não tem muita importância o que está acontecendo agora porque vai chegar o momento em que o povo brasileiro vai decidir."

Ele lembrou que foi um dos proponentes do segundo turno, na Constituição de 1988, como um meio de impedir eleições "complicadas e com uma diferença muito pequena" e citou o caso do México. A eleição mexicana no dia 2 de julho deu a vitória a Felipe Calderón, com uma margem de apenas 0,6% em relação a Andrés Manuel López Obrador. "O segundo turno é a certeza de que quem for eleito terá uma margem de votos soberana, que vai permitir ter mais tranqüilidade para governar."