Título: Mercadante segue Serra para tentar polarizar disputa
Autor: Jander Ramon e Alexandra Penhalver
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/07/2006, Nacional, p. A10

O candidato petista ao governo de São Paulo, senador Aloizio Mercadante, e o tucano José Serra (PSDB) tiveram ontem atividades de campanha que revelam com clareza as estratégias eleitorais de ambos. Enquanto Mercadante refez a agenda de Serra da véspera, o ex-prefeito falou sobre a política econômica do governo federal. Enquanto o petista tenta polarizar com Serra, o tucano se esquiva do confronto direto.

Mercadante esteve ontem em locais visitados anteontem por Serra. Em Suzano, declarou que as promessas feitas ali pelo rival são inviáveis - "campanha de improviso e demagogia passageira", nas palavras do petista. O senador negou que faça esforço deliberado para desconstruir a campanha de Serra, que hoje venceria a eleição no primeiro turno, segundo pesquisa Datafolha.

Nos últimos dois dias, a agenda de Mercadante coincidiu com cidades que já haviam sido visitadas por Serra recentemente - Santo André, São Bernardo e Diadema, na quarta-feira, e Mogi das Cruzes, Suzano, Itaquaquecetuba e Guarulhos ontem. Ele negou que esteja na sombra do adversário tucano. "É quarta vez que venho na região, no último ano, coisa que o meu adversário não faz."

Mercadante teve como cabos eleitorais três prefeitos. Os petistas Elói Pietá (Guarulhos) e Marcelo Cândido (Suzano)acompanharam o candidato com entusiasmo, mas ninguém superou Ademar Tavares Filho (PL), que parou o trânsito em Itaquaquecetuba, onde governa. Durante comício, muitos discursos sobre programas do governo Luiz Inácio Lula da Silva, como o Bolsa-Família e a Farmácia Popular. Minutos antes, Mercadante tentou aprender, com um pedreiro, a jogar reboco na parede.

Em Mogi, Mercadante pegou carona na fila do Bom Prato, restaurante que é parceria do governo do Estado com entidade social com refeição a R$ 1, e cumprimentou muitas das pessoas que estavam na fila. Ao notar a irregularidade que se configurava, interrompeu o discurso. "Estamos ao lado de um lugar público e é melhor fazer o discurso em outro local."

"MÁ ECONOMIA"

Serra participou de encontro com os empresários na Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e falou sobre assuntos nacionais. Para ele, o governo Lula pratica a "má economia", por subestimar os efeitos que os juros altos provocam no câmbio, sobrevalorizando a moeda e retirando a competitividade da indústria nacional as exportações. "China e Argentina não seguraram suas moedas de forma contemplativa, como acontece no Brasil. Compraram reservas", opinou.

Mesmo após o anúncio do Ministério da Fazenda de que as reservas brasileiras superam US$ 70 bilhões, o candidato entende que o volume de compra de dólares para formação de reservas é "insuficiente". Serra também disse que o governo Lula não tem dado tratamento adequado à questão tributária para o setor produtivo.