Título: No desfecho, nova dúvida: quanto custou a empresa ?
Autor: Alberto Komatsu, Mônica Ciarelli
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/07/2006, Economia, p. B1
O leilão acabou, e uma nova confusão começou: por quanto, afinal, foi vendida a Varig? O leiloeiro público Carlos Alberto de Barros cantou o preço mínimo que constava do edital: US$ 24 milhões. Na realidade, a proposta da VarigLog superava US$ 500 milhões. Em dinheiro, a proponente havia desembolsado cerca de US$ 20 milhões (não se conhece o valor exato dos depósitos que fez para bancar a operação da Varig).
A confusão foi desfeita com um telefonema para o juiz Luiz Roberto Ayoub, que sentenciou: a venda foi realizada por US$ 505 milhões. Mas ainda restam dúvidas. Contabilizadas todas as liberações, a conta não fecha. A saber: US$ 20 milhões (já depositados) + US$ 75 milhões (na segunda-feira) + US$ 75 milhões (em 30 dias) + US$ 45,4 milhões (emissões de debêntures para pagamento de dívida trabalhistas e credores com garantias) + US$ 6,8 milhões (fretamento de aeronaves por três anos) + US$ 4,5 milhões (aluguel do centro de treinamento de pilotos) + US$ 31,8 milhões (passivo do Smiles) + US$ 111,3 milhões (para honrar passagens já emitidas e não usadas). O resultado da soma é US$ 369,8 milhões. Ficariam faltando US$ 135,2 milhões para totalizar os US$ 505 milhões.
A explicação dada foi de que a conta não bate porque há obrigações que ainda não foram estimadas e o plano de negócios ainda não foi concluído. O tumulto decorre do fato de ser este um leilão judicial, o primeiro que segue a nova Lei de Falências. Não é como os que tradicionalmente ocorrem, quando há um bem sendo leiloado, um preço mínimo avaliado e candidatos que fazem seus lances. Neste caso, o leilão foi montado em cima de uma proposta previamente elaborada pelo único candidato a assumir a companhia pré-falimentar. A VarigLog fixou suas condições. A Varig e Justiça buscaram uma forma de adequar o plano de recuperação a esta proposta para evitar a quebra da companhia.