Título: VarigLog arremata a Varig e até dia 28 fará vôos da ponte aérea
Autor: Alberto Komatsu, Mônica Ciarelli
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/07/2006, Economia, p. B1
Com lance de US$ 24 milhões e um plano de desembolso total de US$ 505 milhões, entre dívidas e investimentos, a VarigLog arrematou ontem a Varig. Oito horas após o leilão, a companhia anunciou a suspensão, por uma semana, de todos os vôos internacionais e domésticos. Será mantida apenas a ponte aérea Rio-São Paulo. Passageiros que compraram bilhetes para esse período serão remanejados para outras empresas.
Por enquanto, a VarigLog pagou apenas US$ 20 milhões de sua proposta total, em depósitos feitos diariamente para Varig nas duas semanas que antecederam o leilão, para que a companhia continuasse a operar. O preço mínimo, estipulado em US$ 24 milhões, incluía a multa de US$ 4 milhões que seria cobrada de eventuais concorrentes da VarigLog, que exigiu, na proposta, ressarcimento pelo investimento já feito caso não efetivasse a compra.
Na segunda-feira, a arrematante terá de depositar em Juízo mais US$ 75 milhões. Novo depósito, no mesmo valor, será feito em 30 dias. Outros US$ 485 milhões estão reservados para investimento e obrigações que a VarigLog terá de assumir nos próximos 10 anos para contribuir com a redução do passivo de R$ 7,9 bilhões, que será mantido com a Varig antiga.
A recuperação judicial da Varig se estendeu por 13 meses. A empresa foi arrematada pela Aero Transportes Aéreos S.A., subsidiária da VarigLog. O juiz Paulo Roberto Fragoso, que integra a comissão de juízes responsáveis pela recuperação, disse que o negócio seria homologado ainda ontem.
"Para aqueles que apostaram que a Varig ia morrer, renasce aqui uma nova Varig. Não tenho medo do futuro", afirmou o presidente da Varig, Marcelo Bottini, logo após ter batido o martelo do leilão. Em até 3 dias, será divulgada a lista com as demissões de cerca de 8 mil funcionários e a nova diretoria.
Nos próximos 60 dias, a VarigLog deverá contratar 1.680 trabalhadores para a nova Varig, que vai começar a operar com 15 aeronaves. A informação é do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), que tomou conhecimento do planejamento em reunião com a VarigLog esta semana. Ontem, a Varig informou que tem cerca de 10 mil empregados e está voando com 13 aviões, de uma frota de cerca de 60. Nos próximos 12 meses, a idéia da VarigLog é ter 30 aviões, com média mensal de até 2 jatos novos e a conseqüente contratação de até 110 empregados por avião.
"Temos inúmeros problemas a serem superados nos próximos 30 a 60 dias. Nossa luta não acabou com o leilão", disse a presidente do SNA, Graziella Baggio. A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, informou que os sindicatos pedirão uma audiência com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, para discutir a situação dos demitidos.
A nova Varig herdará a marca principal e a da subsidiária Rio-Sul, além das rotas das duas empresas. A redução do passivo de R$ 7,9 bilhões ficará com a chamada Varig antiga, que vai operar com a marca Nordeste em apenas uma rota, entre Congonhas e Porto Seguro. Além disso, a empresa terá dois aviões para fazer fretamento para a nova Varig, num contrato de 3 anos que deverá render R$ 15 milhões.