Título: Varig corta vôos para 23 destinos
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/07/2006, Economia, p. B4
A Varig anunciou a suspensão temporária, a partir da zero hora de hoje, 23 dos 25 destinos que vinha operando. A empresa pára de voar para as 11 cidades que ainda servia no exterior e para 12 das 14 cidades brasileiras nas quais atuava. Restarão apenas os vôos entre Rio e São Paulo, que estão sendo ampliados de dez para 36 diários.
O enxugamento da malha foi comunicado no início da noite de ontem. Por meio de nota, a Varig informou que a ampliação da oferta na ponte aérea mostra "que os novos controladores querem voltar a oferecer mais opções de horários a seus passageiros" e que isso permitirá à empresa "rapidamente retomar seu crescimento e rentabilidade". A partir do dia 28 as demais rotas, domésticas e internacionais, "serão retomadas gradativamente".
O serviço oferecido pela Varig na ponte aérea estava fragilizado nos últimos meses pela falta de aviões e de capacidade de investimento em serviços e marketing. Com o encolhimento, a empresa resolve momentaneamente o problema da restrição de frota.
Além disso, diz uma fonte ligada à Varig, os novos donos ganham fôlego para negociar aviões, manutenção, tripulação e seguros, quatro dos maiores custos na aviação. "O que estão fazendo é ganhar um tempo e realinhar, para poder reconstruir um modelo e competir com as empresas que estão no mercado", diz a fonte.
Ontem, a companhia estava operando com 12 aviões. Para realizar os vôos previstos na ponte seriam necessários somente de três a quatro jatos, calculam analistas. A mesma fonte conta que nos últimos dias sondagens já vinham sendo feitas com as empresas da Star Alliance, para permitir o retorno dos passageiros do exterior. Outra possibilidade seria a própria Varig fazer fretamentos para buscar seus passageiros.
A Varig deixa de voar para Miami, Nova York, Frankfurt, Londres, Buenos Aires, Lima, Santa Cruz, Santiago do Chile, Caracas, Aruba e Copenhagen. No Brasil deixam de ser servidas as cidades de Salvador, Recife, Fortaleza, Belém, Manaus, Foz do Iguaçu, Curitiba, Porto Alegre, Fernando de Noronha, Florianópolis, Natal e Brasília.
A empresa já vinha reduzindo vôos. Até meados do mês passado, a Varig voava para 61 cidades - 36 no Brasil e 25 no exterior -, total que diminuiu para as 25 que vinham sendo atendidas. No dia 21 de junho, quando a oferta de vôos foi reduzida em praticamente 60%, saíram do mapa dos serviços da companhia destinos tradicionais, como Paris e Lisboa.
Como efeito do encolhimento da frota e da malha aérea, o peso da Varig no mercado minguou. Estima-se que já seja menor no mercado doméstico do que a soma da OceanAir com a BRA. No setor internacional, a fatia encolheu de 78% ano passado para 53,8% em junho.
NOVA DIRETORIA Ainda ontem começaram a circular nomes de executivos que devem compor a nova diretoria da empresa. Uma fonte informou que o piloto John Long, ex-diretor da Rio Sul, deverá ocupar a Diretoria Operacional. O atual diretor de Planejamento, Luiz André Patrão, deverá permanecer no cargo.
Pelo menos um dos cargos vagos de vice-presidente, da parte operacional, deverá sair dos quadros de uma empresa da Audi Helicópteros, de um dos acionistas da Volo Brasil, a controladora da VarigLog.