Título: Gás boliviano sobe 5%, diz Petrobrás
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/09/2006, Economia, p. B5

O preço do gás boliviano vai subir cerca de 5% no início de outubro. A informação foi dada ontem pelo diretor de Gás e Energia da Petrobrás, Ildo Sauer. O reajuste refere-se à revisão trimestral de preços de acordo com as cotações internacionais do petróleo, prevista em contrato, e nada tem a ver com as negociações em curso. De acordo com Sauer, a estatal estuda indexar também os preços do gás nacional às cotações externas.

O reajuste será fechado no fim do mês e depende da evolução das cotações internacionais. O diretor informou que, segundo as previsões feitas pela empresa, o aumento deve ficar em torno dos 5%. O valor refere-se apenas ao preço do gás, sem contar o transporte do produto (que representa 30% do preço final) e, por isso, deve representar um ajuste menor para as distribuidoras. O repasse ao consumidor final depende dos Estados, que regem as concessões para a distribuição de gás.

Em palestra na Rio Oil & Gás, Sauer informou que a Petrobrás pretende utilizar fórmula de reajustes semelhante à do gás boliviano para o gás produzido no Brasil, hoje ajustado segundo negociação direta com as distribuidoras. ¿A fórmula ainda não foi definida e ainda não falamos em valores, mas a idéia é separar o custo do transporte da molécula¿, afirmou. Este último, disse, será reajustado de acordo com a variação de uma cesta de cotações de combustíveis. Ou seja, acompanhará mais de perto as cotações internacionais.

A empresa já negocia os novos termos com distribuidoras da região Nordeste, que estão sem contratos, e espera assinar novos documentos até o início de 2007. A empresa vai propor três tipos de contrato, que poderão ser assinados simultaneamente, dependendo do interesse da distribuidora.

O primeiro regula um volume fixo de entregas. O segundo, uma parcela interruptível, que poderá ser suspensa pela estatal quando esta tiver problemas de abastecimento. O último, por sua vez, foi batizado de preferencial e vai regular volumes entregues em períodos específicos, de acordo com a necessidade das distribuidoras. Este contemplará o gás natural liqüefeito (GNL), que começa a ser importado a partir de 2009.

Sauer não informou os novos preços do gás nacional, mas sinalizou que os valores atuais estão baixos. Segundo ele, o preço atual equivale a cerca de 50% da cotação do óleo combustível, principal concorrente do gás natural. ¿Produzir gás custa o mesmo que produzir petróleo, portanto, o gás tem que custar como petróleo e não como água¿, ironizou.

No evento, as empresas britânicas BG e BP se apresentaram como possíveis fornecedoras de GNL. As duas empresas informaram ter posicionamento importante no setor. ¿Temos interesse em trazer para o Brasil. Estamos avaliando a proposta da Petrobrás¿, disse o presidente da BG no País, Luiz Costamillan. A estatal estima encomendar até 20 milhões de m³ por dia a partir de 2009, para entregas no Ceará e no Rio.

BOLÍVIA

O governo boliviano enviou às petroleiras a minuta de um novo contrato. A Bolívia acha que a medida pode tornar ágeis as negociações, até aqui com pouca evolução. A Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos (CBH) informou que a situação do setor de petróleo no país ainda é incerta.