Título: Chefe de gabinete também acusa Suassuna
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2006, Nacional, p. A13

Fica pior a cada dia a situação do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), acusado de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. Em depoimento à Corregedoria do Senado, a chefe de gabinete de Suassuna, Mônica Teixeira , afirmou que era o senador quem pedia que ela assinasse documentos em seu lugar. Suassuna vem responsabilizando Mônica pela irregularidade. 'Ela mostrou uma dose de amargura por ter o senador dito que ela teria falsificado sua assinatura', contou o corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP).

Mônica considerou desnecessário submeter à perícia algumas assinaturas de ofícios, a exemplo do que fez Suassuna para se defender, porque as reconheceu como suas.

A chefe de gabinete contou ter consultado Suassuna numa ocasião em que Marcelo Carvalho, então assessor do peemedebista, lhe pediu que assinasse um documento no lugar do parlamentar . 'Liguei para o senador porque não conhecia o Marcelo e disse: 'Senador, não tem problema eu assinar o documento para o Marcelo?' Ele falou: 'Mas, mulher, por que você está me perguntando isso? O que você tem contra o Marcelo?''

O assessor foi preso pela Polícia Federal na Operação Sanguessuga e acabou demitido do gabinete. Sua irmã, Mariana Cardoso Azevedo, ainda trabalha lá, recebendo pelo cargo de confiança que ocupa, mesmo sem comparecer ao serviço. Tuma lembrou que a PF identificou repasses de R$ 222,5 mil do esquema para Marcelo, sem que tenha sido confirmado até agora o favorecimento de Suassuna. Ainda assim, reconheceu que a situação do colega não é boa. 'Estamos aqui investigando não um crime, mas sim a conduta ética de um senador', justificou.

O presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto (PMDB-MA), confirmou para a próxima quarta-feira a votação do relatório do senador Jefferson Péres (PDT-AM) sobre o processo disciplinar por quebra de decoro contra Suassuna. Péres deve pedir a cassação. Ele afirma não haver provas de que Suassuna tenha recebido propina, mas ainda assim entende que ele afrontou o decoro, por não ter aberto sindicância ou inquérito policial quando soube que sua assinatura fora falsificada em documento envolvendo recursos vultosos.

João Alberto disse que está mobilizando os integrantes do conselho para assegurar o quórum de votação. Ele prevê que não haverá pedido de vistas, porque há entendimento geral em favor da 'liquidação' do caso. Qualquer que seja o resultado, será submetido aos demais senadores no plenário. 'Eles podem manter a decisão do conselho ou, ainda, mandar fazer novos estudos e alterar o parecer', lembrou o presidente do órgão.