Título: Dívida interna sobe 2,46% e chega a R$ 1,039 tri em agosto
Autor: Fabio Graner e Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2006, Economia, p. B5

A dívida pública interna em títulos federais subiu 2,47% em agosto e alcançou R$ 1,039 trilhão. Em julho, estava em R$ 1,014 trilhão. A dívida cresceu porque o Tesouro Nacional vendeu um volume de R$ 12,2 bilhões em títulos, acima do total de papéis que venceu no mês passado. Além disso, mais R$ 12,9 bilhões foram somados à dívida com a correção do valor dos papéis que são atrelados à taxa básica de juros, a Selic.

Segundo o coordenador de Operações da Dívida Pública, Manuel Augusto Silva, apesar do aumento o perfil da dívida melhorou em agosto, com a elevação da participação de papéis com rendimento prefixado, considerados melhores para a administração do endividamento. Ele diz que a estratégia de financiamento da dívida foi facilitada pela combinação de melhora na conjuntura externa e nos indicadores econômicos.

'A gente pode resumir o comportamento do mercado de títulos em agosto pela redução na volatilidade externa, sobretudo pela interrupção no processo de alta nos juros americanos, e pelo cenário doméstico positivo, com inflação mais baixa, contas externas continuando com resultados favoráveis e melhora na percepção do risco Brasil', afirmou Silva.

Ele reconheceu, porém, que o pagamento de juros da dívida continua elevado, apesar da longa seqüência de cortes na taxa Selic, que remunera praticamente metade do estoque. Sem arriscar um prognóstico, Silva afirmou que 'em algum momento' essa despesa deve cair.

Mas, por enquanto, a prioridade do Tesouro está na melhora do perfil da dívida, priorizando papéis com juros fixos (prefixados) e de prazo mais longo.

O gasto com juro se mantém alto porque, quando a Selic começou a cair, no fim do ano passado, o governo intensificou o aumento da participação de títulos prefixados e redução da dívida atrelada à própria Selic. Hoje o Tesouro paga juros mais altos do que a Selic numa grande parcela da dívida, o que atrasa a redução nessa despesa. Segundo Silva, é uma espécie de 'prêmio' que se paga na transição para uma dívida com um perfil de maior previsibilidade, onde os prefixados e os atrelados a índices de preço têm maior participação.

Em agosto, essa melhora no perfil da dívida teve prosseguimento. A fatia de papéis prefixados subiu de 30,36% para 31,49% do estoque, enquanto a parcela indexada à Selic caiu de 46,95% para 46,14%. Os títulos que têm remuneração vinculada aos índices de preços representaram 21,56% da dívida de agosto, ante 21,91% em julho.

Outra melhora no perfil da dívida se deu na parcela a vencer em até 12 meses, que caiu de 41,20% para 39,19% do total. A expectativa do Tesouro é de que, no fim do ano, a parcela de títulos públicos federais com vencimento em até 12 meses seja enquadrada no limite do Plano Anual de Financiamento (PAF), que é de 31% a 36% .Já o prazo médio da dívida pública federal teve um discreto recuo, de 29,95 meses em julho para 29,84 meses em agosto.