Título: Para Alckmin, Lula sabia do dossiê e é hora de a sociedade dar um basta
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/09/2006, Nacional, p. A8

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, afirmou que a suspeita de envolvimento de Freud Godoy, assessor especial do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na compra do dossiê Vedoin põe fim a qualquer hipótese de que seu oponente não tinha conhecimento dos escândalos de corrupção que atingiram o governo. 'Esgotou qualquer nível de possibilidade de achar que essas coisas eram pontuais e que o presidente não sabe, não viu e que está por fora das coisas', disse ontem o tucano.

Ainda ao comentar o suposto envolvimento de Freud na compra de dossiê para comprometer políticos tucanos, entre os quais o próprio Alckmin e o candidato ao governo de São Paulo, José Serra, o presidenciável do PSDB disse que chegou a hora do basta. 'Eu entendo que a sociedade brasileira vai dizer basta, chega. São fatos reincidentes que mostram que é preciso dizer um basta a esse estado de coisas da política brasileira', destacou.

Ao pedir investigação rigorosa dos fatos, não apenas o relacionado ao dossiê Vedoin - referência ao dono da Planam Luiz Antônio Vedoin, apontado como chefe da máfia dos sanguessugas -, Alckmin também reclamou da atitude da Polícia Federal, que não exibiu imagens do R$ 1,75 milhão, apreendido com Valdebran Padilha e Gedimar Passos, nem dos detidos.

'Não era essa a conduta que a polícia adotava anteriormente', anotou o ex-governador. 'É errado. Na realidade, não foi apresentado o dinheiro, os presos não foram apresentados. Isso é dever mostrar à sociedade. Não se faz favor de prestar informações. É dever prestar informação à opinião pública.'

Questionado se a PF estaria agindo sob a orientação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ele foi, primeiro, cauteloso. 'Espero que não.' Em seguida, irônico: 'Falam (petistas) tanto em espírito republicano e compromisso com a verdade e Justiça.'

Sobre a tentativa de envolvê-lo no escândalo dos sanguessugas, com a divulgação de uma foto na qual o ex-governador aparece em um stand da Planam durante um congresso de prefeitos, Alckmin classificou como 'malandragem'. E emendou, com referência à prisão de pessoas ligadas ao PT com dinheiro. 'Aí, veio o castigo em seguida.'

O presidenciável do PSDB afirmou não ter nenhum temor. 'Quem não deve não teme. Apresentem o que quiserem', desafiou. Na seqüência, frisou que todas as ambulâncias compradas em sua gestão em São Paulo foram por meio de pregão eletrônico.

EVANGÉLICOS

O ex-governador paulista passou o dia em São Paulo onde recebeu apoio do ministério do Belém da Assembléia de Deus. No templo, o presidente do conselho político da igreja, Ronaldo Fonseca, recomendou voto em Alckmin. 'O que pesou para nós foi o lado ético, o lado moral.'

Apesar de destacar que Alckmin não é evangélico, o pastor advertiu: 'Mas ele conduz sua vida dentro dos preceitos cristãos.'