Título: 'Não há espaço para elevações do gás'
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/09/2006, Economia, p. B3

O preço que o Brasil está pagando pelo gás natural da Bolívia já está próximo ao vigente no mercado internacional e não há espaço para novas elevações a curto prazo. A avaliação é do secretário de Planejamento e Desenvolvimento do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, feita durante palestra no Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (Ibef). Segundo ele, o preço 'na fronteira' para o gás boliviano está em US$ 4,70 por milhão de BTU (unidade de medida do poder calorífico), além de US$ 1,80 referente ao transporte.

'Com isso, o preço chega aos US$ 6,50 por milhão de BTU, enquanto os preços no mercado internacional estão entre US$ 6,50 e US$ 6,70 por milhão de BTU', comparou.

Zimmermann considera que 'faltou maturidade' aos dirigentes da Bolívia ao exigirem reajustes acentuados para o preço do combustível. 'Quando o gás atingiu US$ 14 por milhão de BTU, no fim do ano passado, a Bolívia considerou que os preços que vendia ao Brasil estavam baixos. Só que foi um momento específico e desde então os preços caíram muito.'

Segundo ele, se o gás boliviano subir muito viabilizará outros recursos. 'A partir de US$ 8 por milhão de BTU, o óleo combustível fica mais interessante que o gás natural', avaliou.

Segundo Zimmermann, os preços do gás natural no Brasil não eram vinculados ao mercado internacional devido às peculiaridades do País. A partir de 2008, porém, o mercado brasileiro tenderá a acompanhar os preços internacionais com a instalação de duas unidades de gás liquefeito - uma no Rio, com capacidade de 20 milhões de metros cúbicos, e outra no Ceará (Pecém), com 6 milhões de m3.

Zimmermann enfatizou a necessidade de o País continuar fazendo pesados investimentos no setor elétrico. Atualmente, o País consome o equivalente a 47 mil MW médios de energia e deverá agregar 29 mil MW médios nos próximos dez anos, o que exigirá uma potência instalada de 41 mil MW e US$ 56 bilhões em investimentos.

Por isso, além das usinas do Rio Madeira, ele considera importante a conclusão do projeto Belo Monte, com potência prevista de 11 mil MW. Na sua opinião, as restrições ambientais ao projeto tendem a minorar. 'Há 20 anos, quando Belo Monte começou a ser considerada a área a ser atingida estava quase toda coberta de florestas. Hoje sobra pouco da cobertura vegetal original e o impacto certamente será menor.'

Shopping Estadão