Título: Suspensão da decisão motivou renúncia, diz Solíz
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/09/2006, Economia, p. B3
O ex-ministro de Hidrocarbonetos, Andrés Solíz Rada, confirmou ontem que renunciou por causa do congelamento da resolução ministerial assinada por ele no dia 12 de setembro, que afetou a atividade de refino da Petrobrás. 'Foi o motivo de minha renúncia. Não poderia firmar outra resolução cancelando a que assinei.'
Solíz saiu atirando. Criticou 'as companhias petrolíferas e as oligarquias do país' e afirmou que é fácil governar a Bolívia quando se diz 'sim' a esses grupos. Afirmou que o governo Evo Morales não se submeterá a eles. 'As pessoas que tratam de levar o país por um caminho diferente do que define o centro do poder mundial são consideradas irresponsáveis, impacientes e incapazes', disse o ex-ministro.
Ele explicou que o governo boliviano vai remunerar o trabalho da companhia brasileira e o Estado vai pagar para adquirir o controle das empresas.
Solíz calcula que a Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia (YPFB), estatal boliviana, teria mais de US$ 200 milhões por mês com o confisco das receitas da venda de produtos das refinarias da Petrobrás.
O ex-ministro pediu ao seu sucessor, Carlos Villegas, que tenha 'firmeza' ao negociar novos volumes de gás para a Argentina e o Brasil.
No caso argentino, afirmou ser fundamental impor na negociação a construção de uma unidade separadora de líquidos de propriedade da Bolívia. Isso permitirá ao país produzir derivados petroquímicos, como butano, etano, propano.
Sobre o Brasil, disse que a estratégia do vizinho é obter mais gás para que não 'pare a indústria de São Paulo'. 'É isso o importante para o Brasil', afirmou.
Solíz sai do governo, mas não perderá a influência. Villegas afirmou que o ex-ministro será um conselheiro da nova equipe.
Ao sair de cena, o polêmico ex-ministro finalizou: 'Todo o dinheiro das petroleiras não é suficiente para comprar nossa consciência'.
FRASES
Andrés Solíz Rada Ex-ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia
'Não poderia firmar resolução cancelando a que assinei'
'As pessoas que tratam de levar o país por um caminho diferente do que define o centro do poder mundial são consideradas irresponsáveis, impacientes e incapazes'
'Todo o dinheiro das petroleiras não é suficiente para comprar nossa consciência'