Título: Dossiê Vedoin mais perto de Lula
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/09/2006, Nacional, p. A4

O escândalo do dossiê Vedoin ficou mais próximo do Planalto. Mais um petista que atua na campanha do presidente Lula e o próprio presidente do PT, Ricardo Berzoini, foram envolvidos ontem. A revista Época informou que no início do mês foi procurada por Oswaldo Bargas - colaborador do plano de governo da reeleição, casado com uma secretária de confiança de Lula - oferecendo 'denúncias sérias' contra José Serra. Na ocasião, Bargas afirmou que o presidente do PT sabia do encontro. Berzoini disse ontem achar que se tratasse de discussão de 'pauta de interesse jornalístico'.

São dois novos personagens do círculo próximo ao presidente arrastados para a investigação. O caso começou no final da semana passada, quando a Polícia Federal prendeu com R$ 1,75 milhão, em dinheiro, Valdebran Padilha, ex-tesoureiro de campanhas do PT em Cuiabá, e Gedimar Passos, que trabalha na campanha de Lula. A quantia era para Luiz Antônio Vedoin, dono da empresa que chefiava a máfia dos sanguessugas.

Os presos apontaram o envolvimento de outro petista íntimo de Lula: o assessor especial da Presidência Freud Godoy. Ele foi afastado do cargo e ontem teve um pedido de prisão negado pela Justiça, mas segue como foco de investigação da PF. A empresa de segurança de sua família recebeu em 2003 R$ 98,5 mil da SMPB, de Marcos Valério - o que o liga ao dossiê Vedoin e ao mensalão.

Freud disse ter sido apresentado aos intermediários por Jorge Lorenzetti, que fazia churrascos no Alvorada e até ontem chefiava núcleo da campanha da reeleição.

Diante do envolvimento crescente de 'homens de Lula', o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Cesar Rocha, decidiu abrir investigação contra o presidente, seu ministro da Justiça, Berzoini e outros petistas.

Em Nova York, onde participou da assembléia da ONU, o presidente Lula disse que seus adversários tentam criar confusão. 'Temos de levar em conta a quem interessa, nesta altura do campeonato, melar o processo eleitoral', afirmou. 'Por que haveria alguém que quer me ajudar de fazer um ato insano desses?'