Título: Valdebran controla Funasa em MT
Autor: Nelson Francisco
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/09/2006, Nacional, p. A7

O engenheiro elétrico e proprietário da empresa Saneng (Saneamento e Construções Ltda), Valdebran Padilha, controla a administração da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Mato Grosso. A coordenação regional do órgão, responsável também pela saúde indígena, está desde 12 de agosto do ano passado sob o comando de Evandro Vitório, que vem a ser um ex-funcionário da Saneng.

Vitório foi indicado por Valdebran e pelo presidente regional do PMDB, Carlos Bezerra,ex-senador, ex-presidente do INSS e candidato a deputado federal. Bezerra tem sua administração no INSS, (2004-2005) sob investigação do Ministério Público. Valdebran, que foi tesoureiro da campanha municipal de 2004, teve a filiação ao PT suspensa por 60 dias, após a sua prisão em São Paulo, na sexta-feira passada, por envolvimento no caso do dossiê Vedoin.

Evandro está há pouco mais de um ano à frente da Funasa no Estado, mas também já responde a inquérito na Polícia Federal (PF) por desvio de recursos da União para favorecer prefeituras do PMDB em Mato Grosso. Valdebran se aproximou do PMDB para vender os serviços de sua empresa às prefeituras.

A polícia suspeita que os recursos desviados da Funasa tenham sido utilizados para fazer caixa 2 na campanha deste ano do PMDB. ¿Quando eu era administrador da Funasa o Evandro me procurou representando interesses da Saneng para obras de abertura de poços artesianos e de infra-estrutura¿, afirmou o ex-administrador da Funasa José Ferreira Lemos Neto, conhecido como Juca Lemos.

Em depoimento na PF, dia 8 de junho deste ano, Lemos afirmou que houve remanejamentos de aproximadamente R$ 20 milhões para beneficiar prefeituras administradas pelo PMDB. O esquema envolveria Evandro, Valdebran, a Saneng e a direção do PMDB de Mato Grosso. O inquérito ainda não foi concluído.

À PF, o ex-administrador da Funasa disse que as prefeituras administradas pelo PMDB no Estado teriam ficado com 44% do dinheiro remanejado, contra 20% do PPS, 6% do PT, 9% do PP, 12% do PC do B e 9% do PFL. ¿A Funasa é um órgão importante e não pode ficar nas mãos dessa quadrilha¿, disse Lemos, que esteve à frente do órgão por 100 dias, em 2005.

O Estado manteve, sem sucesso, contato com as assessorias de imprensa da Funasa em Cuiabá e Brasília para comentar o assunto. Evandro Vitório e Bezerra não quiseram atender à reportagem.

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