Título: Interesse em imagem é político, reage ministro
Autor: Alexandre Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/09/2006, Nacional, p. A13

Ao reagir ontem às queixas sobre a negativa da Polícia Federal (PF) de exibir o R$ 1,75 milhão apreendido com os presos acusados de negociar o dossiê Vedoin, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que a oposição demonstra desejo 'incontrolável de explorar politicamente o fato e que não permitirá que a PF seja subordinada a interesses eleitorais'. 'O que se quer é gerar imagens para prejudicar claramente a candidatura do presidente Lula, que está com 50% dos votos', justificou o ministro ontem no Rio, após a abertura da 75ª Assembléia-Geral da Interpol.

Para o ministro, é preciso separar a apuração do caso do calendário eleitoral. 'Não se pode querer agora colocar isso dentro da agenda de 15 dias que nós estamos da eleição e nem fazer disso objeto ou moeda de troca eleitoral. Não vamos permitir.' Bastos defendeu serenidade para que a investigação que, segundo ele, será isenta e 'sem perseguir ninguém'.

Sobre o questionamento de sua isenção para conduzir o caso, feito pelo presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), rebateu: 'O senador Bornhausen não tem passado para falar isso.' Bastos refutou ainda o argumento de que dinheiro apreendido em outras ocasiões foi exibido. 'O Brasil mudou. Não é mais como naquele tempo em que se faziam imagens para jogar na TV e destruir candidaturas. Ninguém está fora ou acima da lei', disse, numa referência ao caso Lunus, em 2002, no governo de Fernando Henrique Cardoso. A exibição na TV de R$ 1,3 milhão apreendido pela PF na empresa da senadora Roseana Sarney (PFL), no Maranhão, tirou a pefelista da corrida presidencial.

O ministro se mostrou contrariado com as acusações de ação política da PF. Para ele, o fato de a corporação ter desmantelado redes de corrupção nos últimos anos comprova sua 'impessoalidade e lisura'.

'Nessa operação, a PF atingiu claramente o partido de sustentação do presidente da República', afirmou, citando outras situações investigadas pela PF que envolvem o PT, como as transações com o publicitário Marcos Valério.

Perguntado se a investigação da PF indica esquema montado pelo PT contra o PSDB, respondeu: 'Por enquanto, há um caminho nessa direção. Não é o PT, é um grupo. Há dois presos que contaram coisas que estão sendo investigadas.'

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