Título: Delegado pede prisão de Palocci no inquérito do lixo
Autor: Brás Henrique
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/09/2006, Nacional, p. A17

O delegado seccional de Ribeirão Preto, Benedito Antônio Valencise, divulgou ontem o relatório final do inquérito do lixo e o pedido de dez prisões preventivas. O primeiro nome da lista é o do ex-ministro da Fazenda e ex-prefeito de Ribeirão (2001-2002) Antonio Palocci (PT), que disputa vaga na Câmara. Para Valencise, as provas de fraudes no contrato do lixo e de varrição pública são incontestáveis. O relatório será encaminhado hoje ao juiz da 1ª Vara Criminal local, Guaracy Sibille Leite, que pedirá parecer aos promotores do Ministério Público Estadual (MPE).

Valencise afirmou que Palocci 'coordenou' o esquema de fraude entre 2001 e 2004, que teria desviado R$ 30,7 milhões dos cofres públicos, superfaturando o contrato de limpeza pública. Palocci e as outras nove pessoas tiveram os seus pedidos de prisão solicitados por peculato, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. A legislação eleitoral não permite prisões de candidatos 15 dias antes do pleito e até 48 horas depois, assim Palocci está livre de ser preso nesse período - isso só seria possível em caso de flagrante ou condenação em algum processo.

O advogado de Palocci, José Roberto Batochio, havia encaminhado, antes da divulgação do relatório, petição ao juiz Leite para solicitar decretação de segredo de Justiça sobre o inquérito até a eleição. 'Se Valencise pedir a prisão preventiva de Palocci é pirotecnia para a TV', dissera o advogado. Após a divulgação do pedido de prisão, manteve o argumento: 'Ele (Valencise) não pode ignorar a legislação e, se fez isso, é pirotécnica.' Se Palocci for eleito, terá foro privilegiado e o caso seria encaminhado ao Superior Tribunal Federal.

Os demais pedidos de prisão foram contra Gilberto Maggioni, sucessor de Palocci na prefeitura; Donizeti Rosa (ex-secretário de Governo de Palocci e Maggioni e diretor do Serviço Federal de Processamento de Dados); Isabel Bordini (ex-superintendente do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto); Nelson Collela Filho (ex-chefe da Casa Civil de Maggioni); Luciana Alecrim (ex-assessora de Isabel Bordini); e quatro ex-diretores da Leão Leão, empresa que executa até hoje serviços de limpeza no município: Luiz Cláudio Ferreira Leão, Wilney Barquete, Marcelo Franzine e Fernando Fischer.

'Estou tranqüilo, sei o que fiz e o que não fiz', disse Maggioni. 'Nunca fechei contrato, só peguei o bonde andando, e se o trem estava fora dos trilhos, continuou dessa forma', afirmou. 'É uma palhaçada. Tenho certeza que esse pedido será negado pelo juiz', criticou Renato Martins, advogado de Wilney Barquete. O advogado de Luiz Cláudio Leão, Edson Torihara, disse que é um ato 'político-eleitoral'.