Título: Violência adia redução de contingente no Iraque
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/09/2006, Internacional, p. A18

O aumento da violência sectária no Iraque adiará a retirada das tropas americanas do país. Ontem, o general John Abizaid, comandante militar dos Estados Unidos na região, anunciou que não haverá cortes no número de soldados em território iraquiano até meados de 2007. Ao contrário. Para evitar que a rivalidade entre sunitas e xiitas degenere em uma guerra civil - possibilidade admitida até pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan - o Exército americano pode ter de mandar reforços ao Iraque.

Hoje, existem 147 mil soldados dos EUA em território iraquiano, 50% a mais que o previsto no ano passado. 'Esse nível será mantido até o final da primavera, quando faremos uma reavaliação', disse Abizaid, acrescentando que mais tropas serão enviadas se necessário.

Segundo o general, as bases do governo iraquiano ainda são frágeis e as forças policiais locais não têm capacidade de conter sozinhas a onda de sequestros e assassinatos que assola o país. Todos os dias dezenas de corpos são encontrados nas periferias de Bagdá. Ontem, o Parlamento iraquiano teve de adiar as discussões sobre a implantação de um sistema federalista depois que uma seqüência de ataques matou 50 pessoas no país.

No início da semana, um funcionário do Ministério do Interior anunciou que a polícia iraquiana terá de passar por um novo treinamento. Os sunitas acusam a existência de grupos de extermínio xiitas entre os policiais, e os americanos admitem que esse problema pode estar inibindo a participação de alguns grupos no debate político iraquiano.

A decisão do presidente George W. Bush de fazer do Iraque o principal front da guerra ao terror é cada vez mais impopular entre os americanos. De olho nas eleições, o Partido Democrata aumentou o tom de suas críticas e exige que as tropas comecem a se retirar ainda este ano.