Título: Dossiê Vedoin tira 2 pontos de Lula e cresce chance de 2º turno
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/09/2006, Nacional, p. A4

A realização de um segundo turno na eleição presidencial ficou muito perto da realidade: a vantagem do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a soma dos seus adversários, que lhe garante a vitória no primeiro turno, caiu para apenas 3 pontos porcentuais, segundo pesquisa Estado/Ibope. Na pesquisa anterior, anunciada em 21 de setembro, a vantagem de Lula sobre os demais era de 7 pontos.

Na simulação de primeiro turno, Lula caiu 2 pontos e ficou com 47% e Geraldo Alckmin (PSDB) subiu 3 pontos e ascendeu a 33% - tudo em apenas 3 dias. Na contagem dos votos válidos, Lula tem 52% e a soma dos adversários dá 48% - o que, no limite da margem de erro, pode configurar um empate técnico que indica a possibilidade de realização de um segundo turno na eleição presidencial.

A vantagem de Lula sobre o conjunto de seus adversários era de 15 pontos porcentuais na última semana de agosto, chegou a 10 pontos em 8 de setembro, oscilou para 9 pontos no dia 15 de setembro e bateu em 7 pontos no dia 21, recuando agora para apenas 3 pontos.

A diferença entre Lula e Alckmin caiu para 14 pontos. É a menor diferença entre eles desde o início da campanha. No começo de junho, a vantagem do petista era de 30 pontos (48% a 18%); em 25 de julho, caiu para 17 pontos (44% a 27%); em 10 de agosto, subiu para 25 pontos (46% a 21%); em 1º de setembro, caiu para 23 pontos (48% a 25%); em 8 de setembro reduziu-se a 21 pontos (48% a 27%); em 21 de setembro desceu para 19 pontos (49% a 30%); e agora chegou a 14 pontos.

TENDÊNCIAS

Todos os movimentos da pesquisa Estado/Ibope aconteceram dentro da margem de erro da pesquisa, mas confirmam tendências que se evidenciaram no histórico da seqüência de consultas do Ibope. Alckmin tinha 21% em 18 de agosto e depois subiu sucessivamente para 22% (27 de agosto), 25% (1º de setembro), 27% (8 de setembro) e 30% (21 de setembro), chegando agora a 33%.

Em todas essas pesquisas Lula ficou estável: 47% (em 18 de agosto), 49% (27 de agosto), 48% (1º de setembro), 48% (8 de setembro), 49% (21 de setembro) e agora 47%.

A soma dos adversários de Lula tem subido por conta exclusiva do crescimento de Alckmin, já que os outros candidatos têm ficado rigorosamente estabilizados. Heloísa Helena (PSOL) oscilou 1 ponto para baixo nesta pesquisa e ficou com 8%; Cristovam Buarque (PDT) continua com 2% e Ana Maria Rangel (PRP), a única nanica a pontuar um número inteiro, ficou com 1%. A soma de todos dá 44%, 3 pontos, portanto, abaixo do índice alcançado por Lula.

Na contagem dos votos válidos, Lula se aproxima perigosamente dos 50%, abaixo dos quais já não venceria no primeiro turno: ele tem 52%, depois de ter 60% (em 27 de agosto), 57% (1º de setembro), 55% (8 de setembro) e 54% (21 de setembro). Alckmin, em sentido contrário, vem subindo progressivamente: tinha 26% (em 27 de agosto) e a seguir, 30%, 31%, 33% e agora, 36%. A soma dos votos válidos dos a candidatos que são adversários do presidente Lula atingiu 48%.

Na pesquisa espontânea, Lula perdeu 3 pontos porcentuais e caiu para 39%, enquanto Alckmin oscilou 1 ponto para cima e agora tem 23%; os indecisos aumentaram: eram 22% e agora são 24%. Na pesquisa estimulada, os indecisos são 5%, um número superior, portanto, à vantagem de Lula sobre os rivais.

ALCKMIN CRESCE

Alckmin cresceu na Região Sul, onde saltou de 40% para 46% e agora vence facilmente Lula, que ficou com 34%; no Nordeste, onde pulou de 15% para 19%; e no Sudeste, onde subiu de 35% para 38% e está agora empatado com Lula. Caiu 2 pontos, na margem de erro, no Norte/Centro-Oeste, descendo de 33% para 31%. Lula perdeu 3 pontos no Sudeste e no Sul, e mais 2 no Nordeste (de 69% para 67%). No Norte/Centro-Oeste, onde ficou estável, tem agora 50%.

O candidato do PT perdeu votos em segmentos que lhe são amplamente favoráveis: caiu 3 pontos (de 58% para 55%) entre os que têm até a 4ª série do ensino básico; e mais 4 pontos (de 56% para 52%) nos que têm entre a 5ª e a 8ª séries. Alckmin herdou 3 pontos entre os que ganham até 1 salário mínimo (de 19% para 22%) e outros 5 pontos (de 28% para 33%) no grupo dos que ganham entre 1 e 2 salários, sugerindo que os candidatos estejam 'trocando votos'.

A pesquisa Estado/Ibope ouviu 2.002 eleitores, em 141 municípios brasileiros, entre os dias 20 e 22 de setembro, com margem de erro de 2 pontos porcentuais.