Título: Alckmin diz que buscará o dinheiro roubado
Autor: Adriana Carranca, Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/09/2006, Nacional, p. A12

No lançamento de seu programa de governo no Rio, o presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, chamou ontem o PT de 'sofisticada organização criminosa' e prometeu que, se eleito, fará uma auditoria geral no governo para combater a corrupção e recuperar os recursos desviados pelo governo atual. Alckmin acusou o presidente Lula e o PT de aparelhar o Estado, causando ineficiência, desvios e escândalos como o dossiê Vedoin.

'Não estamos enfrentando candidatura, mas uma sofisticada organização criminosa incrustada no Estado', disse, sob aplausos da platéia. 'Eles farão o possível e o impossível para não chegarmos lá. Porque vou auditar estatal por estatal, empresa por empresa. Vou criar na Advocacia-Geral da União um grupo especializado só em recuperar dinheiro roubado e já vai ter muito recurso para poder investir nos hospitais, investir na educação, na saúde.'

No discurso, Alckmin praticamente deixou de lado o plano de governo para bater na tecla da corrupção. 'Isso começou lá atrás. O que que é o mensalão? É um Poder querendo subjugar o outro, um Poder comprando outro Poder. O País está envergonhado, mas eles não têm vergonha. Ética é palavra unívoca. Não tem duas éticas. Não tem uma ética quando se é oposição e se é intransigente e uma ética quando se é governo e é cínico com o povo. A ética é uma só.'

Depois, ele disse que o PT e o governo ultrapassaram 'todos os limites de tolerância possíveis'. 'Essa sofisticada organização de pessoas cometendo crimes no governo envolve ONGs ligadas ao PT, dinheiro que some da Secretaria de Comunicação, dinheiro sujo do crime, desvio de recursos, dossiês para mudar o resultado eleitoral, ações criminosas, um conjunto de fatores', afirmou. 'Passa pelo mensalão, pelo cuecão, pelo valerioduto. Infelizmente, vemos que o aparelhamento do Estado pelo Lula e pelo PT levou à situação de total descontrole. Não há nenhum controle mais dos recursos públicos.'

Alckmin atacou o petista e diretor licenciado do Banco do Estado de Santa Catarina Jorge Lorenzetti, acusado de envolvimento no dossiê. 'Aliás, só no governo Lula o churrasqueiro do presidente vira diretor de banco estatal', ironizou. 'Diretor do banco, mas, no submundo do crime, fazendo o que está fazendo.'

O tucano afirmou que o PT tem a visão de chegar ao poder para tomá-lo para si e os amigos. 'Hoje, vivemos mais uma ação entre amigos que um governo da República.'

Seu programa foi lançado em clima de festa, sob uma tenda na Marina da Glória. O ato teve a presença dos principais líderes da aliança. Entre eles os tucanos José Serra, candidato ao governo paulista, e Aécio Neves, governador de Minas, os presidentes do PSDB e do PFL, senadores Tasso Jereissati (CE) e Jorge Bornhausen (PFL), o prefeito Cesar Maia (PFL) e o vice de Alckmin, senador José Jorge (PFL-PE).