Título: Candidatos denunciam fraudes em Alagoas
Autor: Ricardo Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/09/2006, Nacional, p. A17

Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinaram o envio de tropas federais para garantir a segurança das eleições em aldeias indígenas de Tocantins e em municípios de Alagoas, onde dez partidos entregaram ontem ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Estado, desembargador Fernando Tourinho, manifesto denunciando a fraude eleitoral, a compra de votos, a violência política e o crime organizado a serviço da candidatura do deputado federal João Lyra, que disputa a sucessão estadual pelo PTB.

As cidades alagoanas que receberão reforço de segurança são Coruripe, Rio Largo, Satuba, São Luiz do Quitunde, Batalha, Delmiro Gouveia, Minador do Negrão e Flexeiras que, segundo o TSE, têm histórico de violência durante as eleições.

O manifesto suprapartidário pela paz e por eleições limpas em Alagoas foi subscrito pelos candidatos ao governo Teotônio Vilela Filho (PSDB), Lenilda Lima (PT), Ricardo Barbosa (PSOL) e Elias Barros (PTN). PMDB, PDT, PSB, PPS, PC do B e PHS também apoiaram o manifesto, protocolado na Superintendência da Polícia Federal do Estado e entregue ao governador Luis Abílio (PDT).

Os quatro candidatos majoritários denunciam o 'sindicato do crime, infiltrado nos poderes constituídos, sobretudo na Assembléia Legislativa, onde se encontra encastelada a nata do crime organizado'. O presidente da Assembléia, deputado Celso Luiz (PMN), é o vice na chapa de Lyra, que lidera as pesquisas de intenção de voto.

Luis Abílio elogiou a iniciativa dos candidatos. 'Espero que o povo alagoano possa refletir nas urnas a sua vontade e não a do temor e do poderio econômico', disse o governador.

O presidente do TRE disse que já recebeu várias denúncias sobre compra de votos, mas nenhuma trouxe provas da corrupção eleitoral. Tourinho disse que ia analisar o documento suprapartidário, mas ressaltou que é preciso provar as irregularidades.

O manifesto lembra a presença 'intimidatória de milícias na eleição de 2004' e o temor de que voltem a atuar este ano. 'A presença intimidatória de milícias privadas e armadas, intituladas Homens de Preto, nas eleições de 2004, fazendo-se passar por autoridades públicas, atuando de forma ostensiva em favor do grupo político atualmente liderado pelo PTB local, poderão ter nociva e perigosa atuação no pleito deste ano.'

O manifesto também aborda a 'prática do voto do ausente', na qual políticos, em conluio com mesários, impedem a votação de eleitores sem instrução, principalmente idosos, substituindo-os por pessoas previamente autorizadas pelo presidente da seção eleitoral para votarem em candidaturas específicos.

Lyra rebateu as acusações. 'Nossos adversários estão perdidos e desesperados. Por isso criam esses factóides.'