Título: Presidente diz que varre a corrupção
Autor: Vera Rosa, Vanice Cioccari
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2006, Nacional, p. A4

Na única vez em que abordou ontem o tema da corrupção, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse estar fazendo tudo para combatê-la. ¿No meu governo é assim: não tem lixo embaixo do tapete, doa a quem doer. Varrer é de verdade¿, afirmou. Foi ovacionado pela platéia petista.

Menos de um mês depois de ter dito em entrevista ao Jornal Nacional que demitiu José Dirceu, da Casa Civil, e Antonio Palocci, do Ministério da Fazenda, Lula adotou um tom de discurso dúbio em relação aos antigos companheiros. ¿Quem me conhece sabe que eu prezo muito a relação de amizade. Prezo demais. Ninguém deixará de ser meu amigo porque cometeu um erro, porque ficou desempregado e muito menos deixará de ser meu amigo porque eu virei presidente da República¿, disse. Em nenhum momento, porém, o presidente citou Dirceu, Palocci ou qualquer outro petista que teve o nome envolvido na crise do mensalão.

Na pajelança, Lula afirmou ter construído uma relação de amizade ¿muito forte¿ com os companheiros que ali estavam. ¿A única coisa que um ser humano leva depois que morre é a relação de amizade que ele deixou¿, disse.

Com seis compromissos genéricos, o programa de Lula para o segundo mandato traz como uma das prioridades a reforma do Estado e menciona a necessidade de ¿transparência e combate à corrupção¿. Uma das medidas citadas consiste em ¿aperfeiçoar os mecanismos de fiscalização da execução e da prestação de contas de recursos públicos transferidos, para evitar malversação e assegurar que alcancem os públicos-alvo e os objetivos estabelecidos nos convênios¿.

Ao ser indagado sobre o caráter evasivo do enunciado, o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que Lula pretender dar ¿prosseguimento¿ ao trabalho da Controladoria-Geral da União.