Título: FHC conclama oposição a pôr `fogo no palheiro' e desmascarar Lula
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2006, Nacional, p. A7

No dia em que duas pesquisas constataram o favoritismo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) cobrou maior engajamento na campanha do tucano Geraldo Alckmin, insistindo na necessidade de reação popular ante os escândalos de corrupção que atingiram o governo do petista. ¿O povo pode estar decepcionado do ponto de vista da punição, mas está também indignado e precisamos despertar essa indignação. É fogo no palheiro, e é isso que precisamos¿, recomendou FHC, durante almoço de adesão à candidatura de Alckmin ontem no Jockey Club, em São Paulo.

Ao longo de apenas cinco minutos, FHC fez um discurso indignado contra Lula. Enfurecido, disse que ¿lugar de ladrão é na cadeia¿ e classificou como criminosa a absolvição pelo Congresso dos parlamentares mensaleiros. ¿O que o Congresso fez foi criminoso, porque condenou o Brasil à indiferença. Precisamos reagir a essa indiferença¿, afirmou.

Na presença de 528 empresários, artistas e atletas - que desembolsaram pelo almoço com o presidenciável Alckmin R$ 1.000 cada um -, FHC acusou Lula de levar o País ¿ao ponto mais baixo¿ de sua história. ¿Ele (Lula) foi eleito para avançar, mas recuou.¿

Exaltado, o ex-presidente recusou ainda a comparação que o petista tem feito. Por três vezes, rechaçou ser igual a Lula. ¿Me dói ver agora o presidente da República dizer que somos todos iguais. Iguais, não¿, bradou, sendo interrompido por aplausos calorosos. ¿Eu queria ter sido igual a ele quando foi líder operário. Mas ele mudou. Agora prega e faz tudo aquilo que sempre combateu.¿

FHC também afirmou que Lula, ao ver ¿desvio ou coisa equivocada, passa a mão na cabeça e diz que o companheiro errou¿. ¿O companheiro errou, não. O senhor (Lula) errou, porque não puniu o companheiro. E isso precisa ser dito. Precisa ser cobrado¿, recomendou.

Enquanto Fernando Henrique tecia críticas a Lula, a alguns quilômetros dali, também na zona sul, o petista lançava seu plano de governo, no qual há críticas à gestão do tucano. Ao ser informado sobre elas, à saída do evento, FHC rebateu: ¿É preciso que ele (Lula) se olhe no espelho e peça perdão a Deus pela besteira que está falando.¿

Ele disse não haver necessidade ¿de ser macunaímico para dizer que é popular¿. E insistiu: ¿Vamos pegar fogo no Brasil, no bom sentido, de mostrar que vamos liquidar essa diferença (nas pesquisas). Precisamos expor nossa indignação por tanta porcaria que há no País.¿