Título: Novas pesquisas indicam reeleição de lula já no primeiro turno
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2006, Nacional, p. A9

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou aos 50% (49% na pesquisa anterior) e seu principal oponente, Geraldo Alckmin (PSDB), subiu 2 pontos e atingiu os 27%, mas Lula ainda venceria a disputa presidencial no primeiro turno , segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem pela TV Globo. A candidata Heloísa Helena (PSOL) perdeu 1 ponto e ficou com 10%. Segundo o Datafolha, a soma dos rivais dá 39% e Lula tem 11 pontos de folga a garantir-lhe a vitória no primeiro turno.

A nova rodada da pesquisa CNT/Sensus, também divulgada ontem, mostrou resultado bem diferente. Nela, Lula subiu 3 pontos e tem 51,4%, enquanto seu principal oponente, Geraldo Alckmin (PSDB), aparece com 19,6% (19,7% na anterior) e Heloísa Helena teve ligeira queda, ficando com 8,6% (9,3% na anterior). Pelo Sensus, Lula tem 20,2 pontos porcentuais de folga a garantir sua vitória no primeiro turno.

O Datafolha mostra um segundo turno menos folgado, com uma diferença de 18 pontos: Lula tem 55% e Alckmin, 37% (55% a 36% na pesquisa anterior). Para o Sensus, a diferença seria de 25,9 pontos a favor de Lula: 56,7% a 30,8% (52,5% a 29,8% no início do mês). O Datafolha mostrou que a avaliação do governo Lula ficou estável, a despeito de uma pequena queda, no limite da margem de erro, do ¿ótimo/bom¿ - de 52%, na última pesquisa, para 48%. O ¿ruim/péssimo¿ do governo ficou no mesmo patamar anterior, de 16%.

VOTO DE RESULTADOS

¿O eleitor brasileiro está atrás de uma política de resultados¿, analisou o cientista político Ricardo Guedes, diretor do Sensus. Segundo ele, só 25% dos eleitores têm algum tipo de identificação partidária; os outros 75% ¿não enxergam partido¿ e votam de acordo com o que lhes parece melhor para o País, o Estado ou o município, sem nenhum compromisso com coerência partidária na distribuição de seu voto.

Guedes diz que esse fenômeno faz com que prospere, em Minas, a dobradinha Lula-Aécio Neves, ou, em São Paulo, a heterodoxa chapa Lula-José Serra. Ele explica que a motivação maior para definir o voto do eleitor é a pergunta: ¿O senhor se considera em situação melhor do que há quatro anos?¿ No caso atual, diz Guedes, os sinais de melhora na economia dão uma resposta favorável para Lula, assim como os sinais paulistas dão um indicação em favor de Serra ou os sinais mineiros recomendam a reeleição de Aécio.

A aposta de Guedes é que este ano a maioria das disputas vai ser resolvida no primeiro turno. ¿As eleições ficaram plebiscitárias, contra e a favor, por conta do pacto que Lula fez em 2002 - que foi dinamitado pelo mensalão e se fortaleceu agora pela repetição do acordo, agora com o PMDB no lugar do PL¿, observa Guedes.

A pesquisa Datafolha ouviu ontem 2.863 eleitores em 175 municípios, com margem de erro de 2 pontos porcentuais. O Sensus consultou 2.000 eleitores, em 195 municípios, entre os dias 22 e 25 de agosto, com margem de erro de 3 pontos.