Título: Israel terá de 3 mil a 5 mil foguetes M-26, encomendados antes da trégua
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2006, Internacional, p. A15

Um dia antes do cessar-fogo no sul do Líbano, há duas semanas, o governo de Israel conseguiu a confirmação do envio de um número estimado entre 3 mil e 5 mil unidades dos poderosos foguetes americanos M-26 Steel Rain (chuva de aço), armados com ogivas de munição múltipla - em média, cada um deles carrega 644 pequenas bombas. É uma arma destinada ao ataque contra tropas e alvos protegidos por blindagem leve, com alcance entre 16 km - versão padrão - e 45 km, a variante com 518 granadas e mais combustível. O Ministério da Defesa israelense priorizou essa encomenda em relação à entrega de um segundo lote de bombas americanas de 900 quilos guiadas por laser/GPS.

O M-26 é estabilizado em vôo por quatro pequenas asas. Para ganhar exatidão, a equação de disparo é feita por um sofisticado computador, semelhante a um laptop, que considera dados como a temperatura ambiente e as variações do vento ao longo da trajetória. Novos materiais sintéticos, empregados na fabricação do tubo e nos componentes do foguete, permitem equilibrar a peça sem variações. O erro máximo, depois de 45 km, é inferior a 150 metros. Geralmente são lançadas seis unidades de cada vez, expandindo a área de cobertura. As granadas são acomodadas internamente em um dispositivo que organiza a queda em círculos no solo, depois de liberadas pela ogiva. Cada ogiva cobre um raio de aproximadamente 200 metros. A carga letal pode ser uma combinação entre bomblets de fragmentação e incendiárias.

O conflito do Líbano marcou o resgate dos foguetes livres, sem os sistemas eletrônicos que os transformariam em mísseis, como recursos de alto poder de destruição, boa precisão e baixo custo. O Hezbollah utiliza pesadamente modelos fornecidos pelo Irã e pela Síria.

O Exército de Israel emprega duas configurações próprias, de 122mm e 160mm. Há cerca de 20 anos a artilharia recebeu 60 viaturas lançadoras do MRLS fabricado nos EUA. O principal vetor desse conjunto é o M-26, de 227 mm, em produção regular há dez anos.

O Brasil produz e exporta um dos mais avançados conjuntos do gênero. O AstrosII, da Avibrás Aeroespacial, de São José dos Campos, é utilizado na Arábia Saudita, no Catar, na Malásia - que criou para receber o sistema uma unidade de artilharia especializada em saturação - e no Exército brasileiro.

O Astros-II lança quatro tipos de foguetes, com abrangência de 30 km a 80 km. Os maiores, SS-60 e SS-80, carregam 60 e 65 granadas.

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