Título: Tropas da Itália partem para o Líbano
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2006, Internacional, p. A15

O porta-aviões Giuseppe Garibaldi partiu ontem da cidade italiana de Brindisi levando 980 dos 2.500 soldados da Itália que integrarão a força de paz da ONU no Líbano (Finul), onde chegarão na sexta-feira. Os outros 1.520 irão em setembro. Ao mesmo tempo, o governo francês anunciou que enviará ao Líbano seu primeiro batalhão, com 900 soldados, antes de meados de setembro.

Em Jerusalém, o secretáriogeral da ONU, Kofi Annan, se mostrou otimista quanto à arregimentação dos 13 mil soldados que serão agregados à Finul, composta atualmente de 2,5 mil homens. Ele disse esperar dobrar em prazo relativamente curto o atual contingente para que o Exército israelense possa retirar-se logo do sul do Líbano.

Annan chegou a Jerusalém para conversações com o governo israelense, ao qual pedirá oficialmente hoje o levantamento do bloqueio aéreo e marítimo contra o Líbano. Mas o ministro da Defesa, Amir Peretz, já antecipou que Israel só encerrará o bloqueio e retirará milhares de soldados do sul do Líbano quando houver um 'número razoável' de militares da ONU no país e for estabelecido um firme controle da fronteira libanesa.

Israel quer evitar o contrabando de armas para o grupo Hezbollah. Peretz não especificou o que seria 'razoável'.

Comentando o cessar-fogo, após reunir-se com Peretz, o secretário da ONU afirmou aos jornalistas que Israel cometeu a maioria das violações da trégua iniciada no dia 14, depois de 34 dias de conflito com o Hezbollah. Annan voltou a fazer um apelo a Israel e ao grupo xiita para resolverem rapidamente as questões pendentes - como a manutenção de prisioneiros dos dois lados - que ameaçam o cessar-fogo.

Em Bruxelas, líderes da União Européia (UE) pediram que as nações muçulmanas façam contribuições para a Finul, apesar de Israel pressionar para que não sejam aceitas tropas de países com os quais não tem relações diplomáticas. Até agora, Bangladesh ofereceu 1.800 soldados e Indonésia e Malásia, 900 cada. Ainda não está decidido se eles integrarão a força de paz.

A maior contribuição no momento é a da UE: 6.900 soldados, incluindo os contingentes da França e da Itália.

Na semana que vem, o Parlamento da Turquia, nação muçulmana, votará resolução propondo o envio de tropas do país à Finul.

A ONU informou ontem ter identificado 359 lugares onde Israel jogou bombas de fragmentação (que ao explodir soltam estilhaços). Várias bombas, minas e outros artefatos que não explodiram ao ser lançados já causaram, depois da trégua, a morte de 12 libaneses e ferimentos em 44.