Título: Contrato de empréstimo do BNDES já foi assinado
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2006, Economia, p. B1
O contrato de empréstimo de R$ 497,1 milhões já foi assinado entre o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Volkswagen do Brasil, ao contrário do que havia sido divulgado pelo banco. Em 18 de abril, a diretoria do banco aprovou o financiamento para a expansão da produção de veículos Fox e CrossFox. O contrato foi assinado dias depois. Em maio, a montadora começou a anunciar o plano de reestruturação, que previa demissões em massa, e deixou o banco estatal numa saia-justa.
Os contratos de financiamento do banco com seus clientes são protegidos por sigilo comercial e, portanto, não podem ser divulgados. O BNDES adota regras gerais de dar preferência à análise de projetos que criem empregos e contribuam para o desenvolvimento industrial. Mas, segundo atesta o ex-presidente do banco, Carlos Lessa, não há cláusula específica nos acordos com as montadoras que vinculem a liberação de recursos ao compromisso de manutenção dos empregos.
¿Se o BNDES não quer conceder o dinheiro, está no seu direito soberano. Mas, se já assinou o contrato, legalmente não pode interromper sua execução. O máximo que poderá fazer é não renovar¿, diz Lessa, lembrando que, em sua gestão no banco, nos dois primeiros anos do governo Lula, ele reagiu ao que qualifica de ¿belgificação¿ da fábrica de bebidas AmBev. ¿Tive de cumprir o último contrato, mas avisei a eles que, em minha gestão, não teria mais um tostão. E o BNDES era um grande financiador deles.¿
A direção do banco tem afirmado que a demora na liberação dos recursos decorre de ¿problemas técnicos¿ e não de questões políticas. O desembolso estaria dependendo da apresentação de alguns documentos pela Volks, que ontem anunciou a primeira leva de demissões, por meio de 1.800 cartas a funcionários.
O dinheiro do BNDES, aprovado há mais de quatro meses, seria destinado à melhoria no processo de produção das unidades Anchieta, Taubaté, São Carlos, São José dos Pinhais e São Bernardo do Campo. Correspondia a 54% de um total de R$ 920,9 milhões. Desde 2000, o banco já liberou R$ 2,09 bilhões para a montadora.
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