Título: Paulo Bernardo admite PIB mais fraco no 2º trimestre
Autor: Fabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2006, Economia, p. B4

Preparando o terreno para a má notícia sobre a desaceleração da atividade econômica no segundo trimestre do ano, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que a taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no período de abril a junho deverá ficar abaixo do desempenho do primeiro trimestre. Nos meses de janeiro a março, a economia cresceu 1,4% em relação ao último trimestre do ano passado e 3,4% em relação a igual período de 2005. Os dados sobre o desempenho da economia no segundo trimestre serão divulgados amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da esperada desaceleração, Bernardo aposta que nos terceiro e quarto trimestres a economia vai se recuperar e crescer de forma mais acelerada, fazendo com que o crescimento no ano fique entre 4% e 4,5%, a projeção oficial do governo. ¿Normalmente no terceiro e quarto trimestres a economia se acelera¿, argumentou o ministro.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse, ao deixar o Ministério da Fazenda, que a entidade considera que, ¿com muito esforço¿, a economia crescerá 3,5% este ano. Segundo ele, nos últimos 60 dias não houve geração de emprego na indústria.

Bernardo não explicou os motivos que justificam o desempenho mais modesto no segundo trimestre. A expectativa do ministro, no entanto, corresponde à avaliação de analistas do mercado financeiro. O especialistas consideram que a economia deve ter crescido entre 0,6% e 1% no período, na comparação com o primeiro trimestre.

O menor ritmo na atividade econômica já é fato para o governo. Na semana passada, por exemplo, até mesmo diretores do Banco Central (BC), em reunião trimestral com analistas do mercado, admitiram que o PIB do período de abril a junho deveria ser mais fraco.

A economista do Banco ABN Amro Zeina Latif projeta uma expansão de 0,8% no PIB do segundo trimestre. Ela trabalha com a hipótese de uma queda no nível dos investimentos de 1,3% em relação aos três meses anteriores. ¿Os indicadores antecedentes do investimento, como compras na construção civil e consumo aparente de máquinas e equipamentos apontam uma queda na Formação Bruta de Capital Fixo (o investimento).¿ A economista mantém sua projeção de crescimento do PIB de 4% para o ano, embora considere a hipótese de revisá-lo para baixo.

Em relatório produzido para o departamento econômico do Unibanco, a economista Giovanna Rocca projeta uma expansão de 0,6% do PIB brasileiro no segundo trimestre. ¿A palavra que melhor descreve a performance do crescimento econômico no segundo trimestre é moderado¿, escreveu. Para o ano, o Unibanco projeta expansão de 3,5% para a economia.