Título: Governo insiste no fim da TR na habitação
Autor: Adriana Fernandes, Fabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2006, Economia, p. B6

Na queda-de-braço com os bancos para reduzir o spread dos empréstimos, o governo insiste em encontrar uma solução para acabar com a correção da taxa referencial de juros (TR) dos novos financiamentos habitacionais. O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, disse ontem que o governo não desistiu da idéia e que procura uma saída técnica para eliminar a TR do custo do crédito imobiliário.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se reúne hoje com dirigentes da Confederação Nacional de Instituições Financeiras, entidade que representa os grandes bancos, para discutir o pacote de medidas, previsto para ser anunciado na terça-feira que vem.

¿Estamos procurando a solução técnica, não temos ainda a definição¿, disse Bernardo. Segundo ele, o governo está ouvindo as instituições financeiras para buscar o ¿máximo de consenso¿ em torno das medidas em estudo pela equipe econômica para reduzir o spread bancário e incentivar o setor de habitação. O ministro admitiu que há bancos que não querem a mudança, mas, em contrapartida, há outras instituições financeiras ¿interessadas¿ na medida. O governo defende que haja financiamentos habitacionais a juros fixos de 12%.

ACORDO

A mudança nas regras dos financiamentos habitacionais é considerada de maior interesse pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo adiou para a semana que vem o anúncio das medidas, porque não conseguiu chegar a um acordo com os bancos.

Outras medidas em estudo e já anunciadas por Mantega, como a possibilidade de transferência do crédito consignado de um banco para outro, poderão não ser incluídas no pacote de agora. Segundo uma fonte da área técnica, em troca de regras melhores para o incentivo à habitação, o governo abriria mão de adotar imediatamente outras medidas.

De acordo com Paulo Bernardo, porém, não está havendo pressão dos bancos contra o pacote. ¿Não estou sabendo de pressão nenhuma. Estamos preparando as medidas encomendadas pelo presidente. Na hora em que estiverem prontas, elas serão anunciadas¿, afirmou. Ele atribui a detalhes técnicos a decisão do governo de adiar para o dia 5 de setembro, em nova reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), o anúncio das medidas.

Bernardo afirmou que a redução do nível do depósito compulsório, a principal reivindicação dos bancos, não está sendo estudada. ¿Não tem nada disso¿, garantiu.

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