Título: Fusões na mineração já preocupam analistas
Autor: Mônica Ciarelli, Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2006, Negócios, p. B14
Extrair metais de base como cobre, níquel, zinco e minério de ferro é a própria definição de um esforço da velha economia. Mas as fusões envolvendo empresas que retiram esses metais da terra têm a marca da efervescência de uma nova economia. Este mês, a suíça Xstrata venceu uma disputa pelo controle da mineradora canadense de níquel Falconbridge, um prêmio que custará US$ 17,3 bilhões.
Agora, uma das competidoras pelo controle da Falconbridge, a Inco, se tornou alvo de duas ofertas concorrentes, da Vale e da Phelps Dodge, no valor de quase US$ 18 bilhões. E as especulações do mercado ultimamente sugerem que mesmo a venerável gigante da mineração Anglo American, com sede em Londres, poderá ser alvo de uma aquisição.
Porém, os mercados de commodities definiram o conceito de altos e baixos. Assim, será que eles estão agora no ápice? Considera-se que a demanda insaciável da China por minerais está levando a um prolongado período de altos preços dos metais de base, talvez por uma década ou, para usar a nova expressão favorita dos mineradores, por um superciclo.
Mas, para cada transação que o superciclo parece estar fomentando, há analistas cada vez mais preocupados que, como aconteceu com o frenesi da tecnologia de vários anos atrás, os bons tempos possam acabar logo e de forma mais abrupta do que o esperado.
¿A expressão `desta vez é diferente¿ sempre me preocupa, e vem sendo muito repetida por aí¿, disse Chris Richardson, diretor da Access Economy, empresa australiana especializada em previsões para mineração. ¿Até agora, os únicos superciclos conhecidos foram as guerras mundiais.¿
Atualmente, os minerais apresentam aumento da demanda principalmente por causa do crescimento industrial estrondoso da China.
Contudo, Richardson e Roderick G. Eggert, professor de Economia e Negócios na Colorado School of Mines (Faculdade de Mineralogia do Colorado), em Golden, argumentam que analisar apenas a demanda é não entender completamente a questão. ¿Quando as pessoas falam sobre preços futuros, a conversa gira toda em torno da demanda. Isso me frustra¿, disse Eggert. ¿Você pode alegar que os preços continuarão altos, talvez por décadas, mas eu não vejo assim. A demanda saltou à frente da oferta. Você pode até discutir quando a oferta vai alcançar a demanda, mas vai alcançar.¿