Título: Relator da CPI pedirá quebra de sigilo de 90 parlamentares
Autor: Expedito Filho e Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/08/2006, Nacional, p. A11

O relator da CPI dos Sanguessugas, senador Amir Lando (PMDB-RO), informou que pedirá a quebra do sigilo de 90 deputados e de todos os assessores que foram acusados de receber depósitos em dinheiro dos empresários Luiz Antônio e Darci Vedoin no escândalo dos sanguessugas. O pedido será apresentado pelo próprio senador no início da próxima semana, durante reunião administrativa da CPI.

Será uma maneira de tentar provas mais robustas contra os envolvidos. No momento, 15 dos notificados pela CPI devem ser poupados no relatório preliminar que será apresentado na próxima quinta. Em novo depoimento à comissão ontem, Luiz Antônio Vedoin reiterou acusações contra 75 parlamentares e comprometeu-se a entregar, na terça-feira, novas provas contra "dois ou três" dos congressistas já citados nas investigações.

No caso de mais de uma dezena de parlamentares, só novas diligências poderiam gerar provas. "Infelizmente é uma minoria que, neste momento, está inocentada", disse o sub-relator de sistematização, Carlos Sampaio (PSDB-SP).

O relator Amir Lando acredita que a quebra de sigilo também é a única forma de coletar dados para a elaboração de um relatório consistente. Conforme os depoimentos dos líderes da máfia dos sanguessugas, pelo menos 15 deputados envolvidos no esquema teriam recebido a propina na forma de depósitos na própria conta ou na conta de familiares e parentes. Cerca de 40 assessores de parlamentares teriam sido usados como intermediários. Os Vedoin depositaram o dinheiro destinado aos parlamentares sanguessugas nas contas de seus auxiliares. Mais 21 deputados teriam recebido a propina em dinheiro vivo. Eles também terão suas contas vasculhadas.

Com a quebra do sigilo, a CPI pretende saber se também circulou dinheiro do esquema nessas contas. O relator está convencido de que a investigação bancária, embora tome tempo, funcionará como uma espécie de vacina contra pressões dos envolvidos, de um lado, e evitará, de outro, erros que possam provocar eventuais injustiças.

No capítulo pressões, Lando contou que há deputados que até já se anteciparam na tentativa de confundir. Um deles procurou Lando para explicar depósito de R$ 29 mil feito em sua conta. "Ele disse que era um empréstimo, mas eu não posso engolir", comentou.

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