Título: Na disputa pela única vaga ao Senado, uma guerra anônima de truques sujos
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/09/2006, Nacional, p. A14

Em paralelo à campanha pelo governo fluminense, a briga pela única vaga do Estado no Senado em disputa em 2006 assumiu, em sua última semana, contornos de uma anônima e polarizada guerra de truques sujos.

A líder das pesquisas, deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ), entrou na Justiça Eleitoral para exigir que a Igreja Católica não abordasse política nas missas - uma reação a panfletos apócrifos distribuídos à saída dos cultos, acusando-a de defender o aborto, tabu para os católicos.

O postulante do PP, deputado federal Francisco Dornelles, segundo colocado, contudo, também teve que enfrentar material sem assinatura. Nos últimos dias, cartazes acusando-o de mentir ao se apresentar como autor de propostas que beneficiaram os trabalhadores e o Rio foram espalhados por ruas do centro da capital.

No plano mais político, Jandira transformou em seu cabo eleitoral o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, de acordo com as sondagens eleitorais, tem mais de 40% das preferências do Estado. 'O Rio de Janeiro conhece e apóia o trabalho de Jandira Feghali', disse o presidente, em inserção de televisão, na qual afirmou que todos os projetos importantes para o desenvolvimento econômico e social contaram com o apoio da deputada.

Dornelles agarrou-se a líderes locais: levou à televisão, para apoiá-lo, o ex-governador Anthony Garotinho, a governadora Rosinha Garotinho e o candidato ao governo estadual Sérgio Cabral Filho, os três do PMDB. Eles destacaram o 'preparo' de Dornelles, um político que, tradicionalmente, conseguiu mandatos de deputado com votos do interior.

Há motivos para a radicalização do confronto. Pesquisas de opinião apontam que Jandira, no patamar dos 30% das preferências, poderá vencer no domingo, mas Dornelles, com índices em torno de 25%, ainda não pode ser considerado derrotado. Em terceiro lugar, o deputado Ronaldo Cezar Coelho, do PSDB, aparece com menos de 10%, aparentemente estagnado e fora da disputa. Alfredo Sirkis, do PV, que oscila em torno de 4%, também aparentemente não tem chance.

Como a maioria dos candidatos ao Senado no Estado, onde 17 políticos disputam o lugar que se abrirá com o fim do mandato do senador Saturnino Braga (PT), eleito pelo PSB em 1998 e que resolveu não disputar a reeleição, apoiando Jandira.

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