Título: Crise da Varig dá prejuízo de US$ 500 milhões ao turismo
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/09/2006, Negócios, p. B14

A crise da Varig deve fazer com que o Brasil deixe de arrecadar US$ 500 milhões com o turismo este ano, segundo o ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia. O Ministério revisou para baixo, de US$ 5 bilhões para US$ 4,5 bilhões, a projeção de geração de recursos por turistas estrangeiros no País. A perda de receita, ressaltou o ministro, é conseqüência direta da menor oferta de passagens aéreas pelo encolhimento da operação da Varig no exterior.

¿No começo do ano, partindo da premissa de que a crise não chegaria a esse ponto, chegamos a falar em US$ 5 bilhões ingressando no Banco Central¿, disse o ministro. Segundo ele, de janeiro a agosto a Varig deixou de ofertar em torno de 400 mil assentos no mercado internacional. ¿É perda direta de turistas e de dólares.¿

No Eco Resort Praia do Forte, um dos maiores resorts brasileiros, localizado no litoral da Bahia, houve cancelamento de grupos para o segundo semestre por causa da menor disponibilidade de vôos da Varig. ¿No mercado internacional, o problema foi muito mais sério. Grupos estrangeiros que nos ajudavam a compensar a sazonalidade cancelaram suas vindas por falta de vôos¿, disse a diretora-comercial do resort, Maria Helena Santana.

Por enquanto, segundo ela, não houve queda na ocupação. Mas foi exigido um esforço maior na captação de turistas. A estratégia agora é buscar outras empresas, como TAP e TAM, que atuem na Bahia e lá fora. ¿Recebemos cerca de 14 mil pessoas anualmente, sendo metade estrangeiros, e estamos trabalhando para manter essa proporção.¿

O presidente do conselho de administração da VarigLog, Marco Antonio Audi, não quis comentar a estimativa do ministro, preferindo lembrar que isso não é responsabilidade dele. ¿O que aconteceu com a Varig é passado. Não era nossa gestão. O que importa é daqui para a frente¿, disse.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) vem brigando na Justiça com a Varig pelo direito de redistribuir as rotas, inclusive as internacionais, que a empresa não incluiu em seu plano de vôos elaborado após a empresa ter sido vendida.

Para Mares Guia, a Anac tem o direito de redistribuir imediatamente esses vôos. Mas a agência está impedida de fazer isso por causa de uma decisão do Tribunal Regional Federal (TRF), do Rio. ¿A autoridade para isso é da Anac. Agora, como o processo da Varig está incompleto, aí eu não sei o detalhe jurídico que deu ao juiz essa motivação de esperar o Cheta (homologação) para depois distribuir as rotas¿.