Título: Valdebran deve ser o próximo a ser expulso
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/10/2006, Nacional, p. A6

Depois da faxina que levou à expulsão de alguns dos seus quadros principais, inclusive o afastamento do presidente nacional da sigla, Ricardo Berzoini, o PT deve punir agora Valdebran Padilha. Empreiteiro e tesoureiro da campanha do partido à prefeitura de Cuiabá em 2004, Valdebran foi preso pela Polícia Federal, na madrugada de 15 de setembro em um hotel de São Paulo, com parte do dinheiro que o PT usaria para comprar o dossiê Vedoin.

'A expulsão de Valdebran Padilha é uma realidade', declarou Jairo Rocha, presidente do PT na capital do Mato Grosso. 'Não tem outra saída a não ser a sua exclusão.'

O dirigente petista avalia que Valdebran fez parte de uma ação que 'prejudicou gravemente as campanhas do PT' e, principalmente, fez ruir o processo de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno.

Para Rocha, a trama do dossiê é obra de 'um bando de loucos'. Ele anotou que os envolvidos iriam pagar 'uma fortuna' por um material sem peso político - seis fotografias, uma fita de vídeo e um DVD com imagens de José Serra, governador eleito de São Paulo, numa cerimônia de entrega de ambulâncias em maio de 2001, em Cuiabá. O empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia das sanguessugas, gastou R$ 200 para montar o dossiê.

'Foi um plano idiota, mal organizado, irresponsável', define Jairo Rocha.

Valdebran será ouvido ainda esta semana pela Comissão de Ética do partido. Ele é ligado ao grupo de José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula. 'Eles (a ala de Dirceu) são minoria aqui em Cuiabá, esse povo nunca veio aqui', alfinetou Rocha.

LIMPEZA

A última limpeza no PT foi anunciada na sexta-feira, quando, pressionado pela cúpula do PT e pelo presidente Lula, Berzoini afastou-se da presidência nacional do partido. Na reunião de seis horas da Executiva Nacional, os outros quatro envolvidos com o dossiê foram expulsos: Jorge Lorenzetti, Hamilton Lacerda, Expedito Veloso e Oswaldo Bargas.

Berzoini disse que o licenciamento vai durar o prazo necessário, 'para o completo esclarecimento dos fatos'. Ao pedir licença do cargo, ele negou que tenha tomado conhecimento de qualquer fato ligado à negociação do dossiê por petistas: 'Reafirmo que jamais incentivei, determinei ou concordei com nenhuma forma de ilegalidade ou irregularidade.' F.M.