Título: Coréia do Norte explode a bomba
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/10/2006, Internacional, p. A11

SEUL - Em desafio à comunidade internacional, a Coréia do Norte realizou na manhã de hoje na Ásia (fim da noite de ontem no Brasil) o primeiro teste nuclear de sua história, de acordo com a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA. ¿Nossa seção de pesquisa científica conduziu, de forma segura e bem-sucedida, um teste nuclear subterrâneo em 9 de outubro¿, dizia o despacho da agência. A nota acrescentou que a explosão se deu sem que houvesse nenhum tipo de vazamento radioativo.

¿O ensaio nuclear é um acontecimento histórico que trouxe felicidade para nossas Forças Armadas e para o nosso povo¿, prosseguiu a agência. ¿Esse teste contribuirá para a paz e a estabilidade na Península Coreana e em toda a região que a circunda.¿

A explosão foi provocada nos arredores da cidade de Kilju, no nordeste do país, perto da fronteira com a China. Quando anunciou a realização do teste, sem que especificasse a data do ensaio, a Coréia do Norte alegou que o poder atômico era necessário para que potências como os EUA a tacassem.

Estima-se que o fechado regime comunista da Coréia do Norte tenha um arsenal nuclear de entre 4 e 12 bombas atômicas com potência entre 5 e 8 vezes superior às lançadas contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki pelos EUA no final da 2ª Guerra. Especialistas acreditam que os norte-coreanos têm mísseis capazes de atingir a Costa Oeste dos EUA.

Desde o ano passado, a Coréia do Norte havia cessado as negociações que mantinha desde 2003 com Coréia do Sul, China, Japão, Rússia e EUA - que tentavam convencer Pyongyang a abandonar seu programa nuclear. Para retomar as conversas sobre desarmamento, os norte-coreanos exigiam a abertura de um diálogo direto com Washington - que mantém pesadas sanções econômicas contra o regime do país e, em 2001, incluiu a Coréia do Norte no chamado ¿eixo do mal¿, ao lado do Irã e do Iraque de Saddam Hussein.

A explosão foi detectada pelo centro de vigilância sísmica sul-coreano. Na primeira reação internacional ao teste, o presidente da Coréia do Sul, Roh Moo-hyun, convocou para uma reunião de emergência todos os seus conselheiros de defesa.