Título: Um café para o aspirante a presidente
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2006, Nacional, p. A9

Pouco afeito a blagues e tiradas espirituosas, o candidato Geraldo Alckmin surpreendeu a platéia da entrevista de ontem pela forma divertida como reclamou de não lhe servirem café. Lá pelo meio do encontro, entre uma pergunta e outra, contou que quando lhe perguntam se vê diferença no tratamento dado a ele e ao candidato que já está no Palácio do Planalto costuma responder que sim. E aí deu como exemplo a própria entrevista: 'Se fosse lá no Palácio Planalto ia ter aquele café maravilhoso... E aqui, por enquanto, nada. É possível um café?'

A platéia que lotava o anfiteatro do Estado riu e aplaudiu. E, para alívio do candidato, segundos depois o garçom irrompeu em cena com a bandeja de café.

Outra sacada divertida foi quando um dos entrevistadores fez referência ao tom agressivo que Alckmin assumiu no primeiro debate com Lula, na TV Bandeirantes. Conforme lembrou o repórter, até os aliados do tucano criticaram, dizendo que tinha adotado um estilo Mike Tyson. Calmo e com um leve sorriso, Alckmin observou que a comparação era exagerada: 'O máximo que já tive, como aluno de judô, foi a faixa amarela.'

Aproveitou para contar que seu professor de judô era o pai de João do Pulo, o atleta que conquistou medalha de bronze em salto triplo nas Olimpíadas de Moscou, em 1980: 'Isso foi na minha cidade natal, a República de Pindamonhangaba.'

Mesmo cultivando o estilo de moço bem comportado, Alckmin deixou transparecer em mais de um momento que sabe fazer piadas a respeito dele mesmo. Um deles foi quando associou políticas esportivas a questões de saúde pública. Ao observar que o sedentarismo está na origem da maior parte das doenças da sociedade moderna e que as pessoas se movimentam cada vez menos, graças a botões de controle remoto, deu um exemplo caseiro: 'Minha mulher diz que eu não gosto de ver televisão, que eu gosto mesmo é de ficar mudando de canal.'

Na fala de Alckmin, citações, comparações e metáforas do mundo médico parecem tão freqüentes quanto as tiradas futebolísticas de Lula.