Título: Meirelles nega erro de dosagem na Selic
Autor: Adriana Fernandes, Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2006, Economia, p. B4

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles rebateu ontem, de forma indireta a pelo menos duas acusações dos empresários contra a política monetária do BC nas áreas do juros e dólar.

Em uma platéia formada por associados do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Meirelles afirmou: 'Gostaria de mencionar para aquelas pessoas que dizem que se a inflação está abaixo do centro da meta (4,5%), é porque houve erro de dose do BC (no corte de juros). Trata-se de uma questão conceitual, importante, pois se estar abaixo do centro da meta, fosse um erro, então não seria centro, mas piso', afirmou o presidente do Banco Central, lembrando que como a inflação nunca está numa linha reta, ela oscila ao redor do centro.

Pouco depois, Meirelles rebateu críticas com relação ao câmbio.

'Alguns dizem que o câmbio hoje indica que estamos em situação similar ao fim da década de 90 (naquele período de câmbio fixo, a balança comercial registrou fortes déficits). Não, isso não está ocorrendo. Basta vermos a evolução das exportações nos últimos anos. Os preços internacionais estão favoráveis, mas o Brasil está tendo condições de competir e conquistar mercados externos', afirmou.

Meirelles ressaltou que as exportações e importações crescem, mas que o superávit comercial se mantém em nível bastante elevado.

A projeção do governo para o saldo comercial neste ano é de US$ 44 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio.

CRESCIMENTO

O presidente do BC disse ainda que o Brasil agora, com inflação na meta e solidez no balanço de pagamentos, tem condições de crescer um pouco mais e enfrentar as reformas fundamentais das quais o País precisa para crescer.

Segundo Meirelles, de 1999 a 2003 o crescimento médio do Brasil foi de 1,7%, já dentro de um período de estabilidade, que abriu caminho para que a média do Produto Interno Bruto (PIB) crescesse para 3,1% entre 2004 e 2006.

'Como resultado da estabilidade já podemos crescer um pouco mais.'

Mesmo assim, Meirelles admitiu que a estabilidade por si só não garante crescimento ao que ele chamou de 'taxas asiáticas'.

Segundo ele, a estabilidade permite o crescimento, porque ajuda na geração de empregos, na massa salarial e no aumento do crédito, por exemplo.