Título: Petroleiras tentam uma solução provisória
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2006, Economia, p. B7
É cada vez mais forte a possibilidade de o governo da Bolívia fechar contrato preliminar com as petroleiras que operam no país e deixar pontos polêmicos para depois de sábado, prazo fixado pelo decreto de nacionalização.
A avaliação é de diferentes companhias com atuação no país, que reclamam do pouco tempo para definir temas sensíveis, como a contabilização das reservas.
Ontem, pelo quarto dia consecutivo, o ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, e o presidente da estatal local YPFB, Juan Carlos Ortiz, se reuniram com dez companhias que deverão se adequar às novas regras.
O gerente-geral da Petrobrás para o Cone Sul, Décio Odone, esteve na YPFB, no centro de La Paz, no fim da manhã, e saiu sem dar declarações.
O governo boliviano tem resistido a ampliar o prazo, como querem as companhias, e, por isso, a assinatura do acordo preliminar pode ser a solução para ganhar tempo de negociações sem enviar sinais negativos à opinião pública do país.
Por essa proposta, os contratos que serão assinados no sábado tratam as novas concessões de maneira mais genérica. Os detalhes seriam tema de anexos posteriores. O Ministério dos Hidrocarbonetos não confirmou nem desmentiu a informação.
¿Ninguém vai simplesmente pegar suas coisas e sair, caso não concorde com os termos do acordo, e nem tudo ficará decidido nestes dias¿, comentou um executivo com negócios na Bolívia. ¿A idéia é levar isso por um tempo, na expectativa de que as regras mudem novamente ou se possa obter melhores vantagens¿, concluiu.
Para um especialista, as petroleiras insistem nas negociações porque, mesmo as que têm poucos investimentos precisam contabilizar as reservas de gás. ¿Todas estão perdendo reservas e isso significa perder ativos, fluxo de caixa futuro e acesso a financiamentos. Então, por piores que sejam as condições, elas têm de negociar.¿
A Petrobrás vive situação inversa: as reservas bolivianas representam só 2% de seu estoque de petróleo e gás, mas os investimentos ultrapassam US$ 1 bilhão. Um observador com acesso às negociações avalia que a estatal brasileira demorou a perceber a urgência do problema e, por isso, é a empresa com maior dificuldade para chegar a um acordo.
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