Título: Desemprego é o mais baixo desde janeiro, diz IBGE
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2006, Economia, p. B8
Com a criação de 244 mil postos de trabalho nas seis principais regiões metropolitanas do País, a taxa de desemprego apurada pelo IBGE caiu para 10% em setembro, ante 10,6% em agosto. É a menor taxa desde janeiro, mas ainda superior à de setembro de 2005 (9,6%). O rendimento médio dos trabalhadores caiu 0,8% ante o mês anterior, mas manteve a trajetória de expansão em relação a igual mês do ano passado (2,7%).
O gerente da pesquisa mensal de emprego, Cimar Azeredo, avalia que o mercado de trabalho reagiu com mais vigor em setembro. Mas, para ele, como os trabalhos temporários gerados pelas eleições podem ter influência no resultado, é preciso esperar os dados de outubro e novembro para 'confirmar a tendência' de recuperação mais forte.
Azeredo lembrou que o número de ocupados tende a crescer no segundo semestre, com a contratação de trabalhadores na indústria e, mais no fim do período, no comércio. 'O principal efeito nessa taxa é o processo sazonal de fim de ano', disse.
Em setembro, o número de empregados na indústria cresceu 1,9% ante agosto, com mais 66 mil vagas. Acréscimos importantes também ocorreram nos 'outros serviços' (que inclui trabalhos em agremiações e partidos políticos, com aumento de 1,6%, ou 56 mil vagas) e serviços prestados às empresas, com aumento de 118 mil vagas, 4,1% mais que em agosto.
Azeredo sublinhou também que, diferentemente do que vinha ocorrendo em meses anteriores, a demanda por uma vaga no mercado de trabalho foi atendida em setembro, comparativamente a agosto.
O número de desocupados (procurando emprego) caiu 5,3% ante agosto, com decréscimo de 128 mil pessoas. Apesar da queda, o número de desempregados nas seis regiões somou 2,29 milhões de pessoas. Os ocupados eram 20,69 milhões em setembro.
Marcelo de Ávila, analista de mercado de trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), avalia que o quadro revelado pela pesquisa 'é muito favorável' e foi influenciado pelas contratações temporárias no período eleitoral e pelo aquecimento da atividade econômica no terceiro trimestre. 'No início deste ano o mercado de trabalho mostrou grande apatia mas, em compensação, a recuperação veio com vigor bem expressivo', disse.
Para Guilherme Maia, da Tendências Consultoria, os resultados da pesquisa mostraram continuidade da melhora na situação de emprego, que teve início em junho, e a taxa média neste ano deverá ficar em 10%. De janeiro a setembro, segundo Azeredo, a taxa média chegou a 10,2%, 'estatisticamente estável' em relação aos 10% do mesmo período de 2005.
RENDA
Para Maia, a queda na renda médio ante agosto não reverte a 'tendência de estabilidade' nos ganhos dos trabalhadores, após uma recuperação vigorosa no primeiro semestre. 'Se for mantida essa tendência de estabilidade, fecharemos o ano com aumento médio de 3,8%, o que é compatível com um crescimento da massa real de salários próximo de 6%', avalia.
Cimar Azeredo explica que a queda na renda foi puxada especialmente pelo grupo dos empregadores. Esse grupo apresentou recuo de 4,1% no rendimento no período, mas, ainda assim, a renda desse tipo de inserção no mercado (empreendimentos com pelo menos um empregado) chegou a R$ 2.795,80 em setembro, quase três vezes maior que a média de R$ 1.030,20 apurada para o total dos ocupados. Ainda que esse grupo tenha uma pequena participação (4,8%) no total dos ocupados nas seis regiões, tem um peso forte no rendimento.