Título: Fox envia reforço federal para Oaxaca
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/10/2006, Internacional, p. A4

O presidente do México, Vicente Fox, ordenou ontem o envio de agentes da Polícia Federal Preventiva ao Estado de Oaxaca, no sul do país, depois que três pessoas morreram na sexta-feira em tiroteios entre manifestantes contrários e favoráveis ao governador Ulisses Ruiz. As forças federais chegaram ontem em dois aviões, com previsão de que mais reforços fossem enviados hoje. Em um comunicado, o governo mexicano também exigiu 'a entrega imediata das ruas, praças, edifícios públicos e propriedades privadas', tomados pelos manifestantes.

As vítimas de sexta-feira elevaram para nove o total de mortos no conflito iniciado em 22 de maio, quando 70 mil professores estaduais entraram em greve. Em junho, os grevistas receberam o apoio da esquerdista Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO), após uma fracassada tentativa policial de despejá-los de prédios ocupados.

Desde então, os manifestantes bloquearam ruas da capital Oaxaca - cidade histórica que vive do turismo - com barricadas. Eles passaram a exigir a renúncia do governador Ruiz, do Partido Revolucionário Institucional, acusado de corrupção e de reprimir opositores.

As armas dos manifestantes são rudimentares, limitando-se a coquetéis molotov, bombas caseiras e estilingues. O conflito piorou porque grupos não identificados começaram a disparar contra as barricadas a partir de carros em movimento. Os manifestantes chamam essas ações de 'caravanas da morte' e acusam Ruiz de estar por trás delas.

Na quinta-feira, os professores decidiram pôr fim à greve, mas ainda não está claro quando os 1,3 milhão de alunos do Estado voltarão a ter aulas. A decisão dos docentes dividiu o movimento, pois a APPO insistiu em manter a paralisação até a renúncia de Ruiz. No dia seguinte, eles bloquearam os principais acessos da capital. Quando homens armados, possivelmente da polícia, atacaram a tiros os manifestantes, a confusão começou.

A primeira vítima fatal foi o cinegrafista americano Bradley Roland Will, que levou um tiro no peito. Outros dois civis morreram, vítimas de armas de fogo. Uma mulher, que nada tinha a ver com os distúrbios, morreu porque as barricadas impediram a ambulância onde estava de chegar ao hospital.

O presidente mexicano, cujo mandato termina em 1° dezembro, foi pressionado durante várias semanas por Ruiz para enviar forças à capital, mas até ontem havia optado por uma solução negociada. Com o envio das forças federais, Fox pretende evitar uma escalada da violência. O porta-voz da APPO, Florentino López, disse que o movimento 'manterá o alerta máximo',assegurando que os protestos são apoiados pela maioria dos 3,5 milhões de habitantes do Estado.

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