Título: Tratamento recebido na gestão Lula sustenta apoio do MST
Autor: Roldão Arruda
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/10/2006, Especial, p. H15
O MST apóia a reeleição de Lula não tanto por suas realizações agrárias, mas sobretudo pelo tratamento que recebeu. O governo liberou mais verbas para as entidades ligadas ao MST e não usou a polícia para reprimir suas ações.
O tucano Geraldo Alckmin deixou claro que pretende adotar outra posição, se eleito. No primeiro item do capítulo de seu programa de governo sobre o agronegócio ele promete garantir 'paz e segurança' para o campo. Ou seja: não pretende tolerar invasões. O capítulo seguinte, sobre reforma agrária, abre falando da necessidade de 'consolidar os assentamentos' - e não da criação de outros. A proposta é integrar os assentamentos às agroindústrias e ao agronegócio.
O PT também enfatiza essa idéia, que não é nova. As propriedades familiares mais bem sucedidas no País são justamente aquelas que se associaram a complexos agroindustriais.
Mas o MST não apóia essa proposta. 'Não aceitamos a idéia de que os pequenos devam se dedicar à produção de matérias-primas para grandes empresas', diz João Batista de Oliveira, da coordenação nacional do movimento. 'Eles devem se dedicar à produção de alimentos e controlar também o beneficiamento de seus produtos.'
Com essa visão, o MST não apóia em hipótese alguma, por exemplo, a idéia de assentados produzirem cana para alguma usina de açúcar e álcool, mesmo que estejam ao lado dela. Na opinião de Xico Graziano, esse é mais um dos indicadores do viés político que envolve o debate: 'Ora, se vender cana melhora a vida dos assentados, por que impedir? Imagino que seja pela possibilidade de continuar manipulando a pobreza.'