Título: Segundo turno equilibra forças entre PMDB, petistas e tucanos
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/10/2006, Especial, p. H17
O segundo turno das eleições hoje em 10 Estados deve consolidar um fortalecimento histórico do PT - que elegeu quatro governadores no primeiro turno e deve chegar a cinco - e dos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Confirmados os resultados das últimas pesquisas de intenção de voto do Ibope, e considerando o quadro de governadores eleitos no primeiro turno, o País terá o PMDB, o PSDB e o PT como legendas com maior número de unidades da federação sob seus comandos, quebrando uma era de domínio dos peemedebistas.
Dos 10 Estados que vão às urnas hoje, as pesquisas Ibope ainda não permitem apontar com tranqüilidade o resultado do pleito em cinco deles: Maranhão, Pará, Paraná e Rio Grande do Norte.
O PT, que iniciou a disputa eleitoral com a previsão de eleger três governadores, terminou o primeiro turno com vitórias em quatro Estados: Acre, com Binho Marques, Bahia, com Jaques Wagner, Piauí, com Wellington Dias, e Sergipe, com Marcelo Déda. A marca de quatro vitórias nos Estados já é recorde para o partido, que até então havia eleito no máximo três governadores.
Nesse segundo turno o PT disputa no Pará e no Rio Grande do Sul, mas tem chances de vencer apenas no primeiro, segundo as pesquisas. A candidata Ana Júlia Carepa (PT) tinha boa vantagem em relação ao adversário Almir Gabriel (PSDB), mas ele colou na reta final: ela caiu de 56% para 51% e ele cresceu de 44% para 49%. Ana Júlia surpreendeu ao levar a disputa ao segundo turno e desbancar até então o ex-governador Almir Gabriel, que tenta voltar ao poder com o apoio do atual chefe do Executivo, Simão Jatene (PSDB).
No Rio Grande do Sul, o petista Olívio Dutra deve perder a disputa para a candidata do PSDB, Yeda Crusius. Pela última pesquisa Ibope, a tucana tem 55% e o petista 45% dos votos válidos. No Estado, os dois candidatos surpreenderam ao deixar fora da disputa o governador, Germano Rigotto (PMDB), que tentava a reeleição.
A onda Lula nos Estados, porém, não está restrita aos governos conquistados por membros do seu próprio partido. Além do Pará, o presidente já recebeu o apoio de outros cinco candidatos que podem ser eleitos: Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro; Eduardo Campos (PSB), de Pernambuco; Wilma de Faria (PSB), do Rio Grande do Norte; Roberto Requião (PMDB), do Paraná; e Roseana Sarney (PFL), do Maranhão.
No caso do Maranhão, a disputa está empatada tecnicamente. O candidato Jackson Lago (PDT) colou na reta final - Roseana tem 50% contra 50% de Jackson. A indefinição, porém, não muda o cenário de apoios a Lula, já que ambos os candidatos são alinhados ao presidente.
O PSDB, maior rival eleitoral do PT, deve sair vitorioso em seis Estados. No primeiro turno foram quatro eleitos: José Serra, em São Paulo; Aécio Neves, em Minas Gerais; Teotônio Vilela Filho, em Alagoas; e Ottomar Pinto, em Roraima.
Agora no segundo turno, o partido está na disputa em três Estados (RS, PB e PA), mas vence apenas em dois: Rio Grande do Sul, onde Yeda Crusius leva ampla vantagem nas pesquisas, e Paraíba, onde o governador Cássio Cunha Lima deve ser reeleito com 54% dos votos válidos.
O PMDB, que esperava ser o maior vitorioso na corrida dos Estados - tinha chances de vencer em 10 unidades da federação -, deve eleger sete governadores apenas. Quatro foram definidos no primeiro turno: Paulo Hartung, reeleito no Espírito Santo; André Puccinelli, em Mato Grosso do Sul; Marcelo Miranda, reeleito em Tocantins; e Eduardo Braga, reeleito no Amazonas.
Nesse segundo turno o PMDB disputa o governo em seis Estados (PR, SC, RJ, PB, RN e GO), mas vence, segundo as pesquisas, apenas em metade - no Rio, em Santa Catarina e no Paraná.
Considerando a distribuição territorial e o número de eleitores dos Estados, o PT e seus aliados saem com o domínio de quase toda região Norte e Nordeste. Enquanto isso, o PSDB e seus aliados mantêm o governo nos maiores colégios eleitorais do País e nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.
O PMDB também perde a hegemonia no Sul. O partido governou nos últimos anos Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Já perdeu no Rio Grande e agora tem a liderança de Requião, no Paraná, ameaçada por Osmar Dias (PDT).