Título: Debate econômico começa agora
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/10/2006, Economia, p. B1

Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin deverão manter aceso o tom da campanha para o segundo turno, mas agora não terão como escapar do debate sobre os temas econômicos. Se à primeira vista os programas dos candidatos se assemelham muito nessa área, tanto Lula quanto Alckmin terão de deixar bem claro para o eleitor quais são as suas propostas.

Um tema que terá de ser enfrentado são os gastos públicos. A proposta comum dos dois candidatos para fazer o País sair do atoleiro de baixo crescimento é reduzir as despesas públicas como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), abrindo espaço diretamente para o investimento público e indiretamente para o privado. Na avaliação dos economistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o avanço dos gastos do INSS, que representam 40% da despesa do governo, é o problema fiscal mais importante.

Caso vença a disputa eleitoral, o presidente Lula já dá sinais de que vai procurar a oposição para um acordo em torno de uma 'agenda de crescimento'. Para isso, adotará bandeiras que até agora rejeitava, a começar por uma guinada de 180 graus nas despesas públicas.

O programa econômico do candidato Geraldo Alckmin também tem como principal alicerce um forte corte do gasto público como proporção do PIB, por meio de um 'choque de gestão'. O objetivo final é acelerar o ritmo de crescimento para a faixa de 5% a 6% ao ano.

Seja com Alckmin ou com Lula, uma das únicas certezas do mercado para 2007 é que a curva de juros continuará em queda, salvo algum desastre na economia mundial. A aposta está ancorada no pífio crescimento do País, bem abaixo dos demais emergentes, e na inflação abaixo da meta de 4,5% para 2006.