Título: Para Biscaia, oposição tenta politizar CPI
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2006, Nacional, p. A4

O presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), acusou ontem os parlamentares de oposição de politizarem os trabalhos da comissão de inquérito.

Sem citar nomes, Biscaia disse que há parlamentares na CPI que estão agindo como 'assessores' do candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin. Biscaia garantiu ainda que a Justiça Federal de Mato Grosso e a Polícia Federal não puseram nenhum empecilho para que a CPI obtivesse os documentos referentes ao dossiê contra tucanos.

'A partir de 1º de outubro, a disputa política eleitoral se acentuou. Não sou assessor parlamentar de nenhum candidato. Vocês vão ver quais são os assessores do candidato Alckmin', afirmou Biscaia. 'Estou registrando e anotando essas condutas. Vocês já viram algum parlamentar estar em Brasília para trabalhar na sexta-feira, no sábado e no domingo?', indagou. 'Mas confio que na semana que vem, já eleito o presidente, os ânimos serenem'. No último fim de semana, o vice-presidente da CPI, Raul Jungmann (PPS-PE), e o sub-relator de Sistematização, Carlos Sampaio (PSDB-SP), ficaram em Brasília analisando documentos e reunindo-se com técnicos.

Jungmann deu entrevista acusando a Polícia Federal de estar sonegando documentos à CPI e ameaçou entrar com representação no Supremo Tribunal Federal (STF). 'Lamento essas declarações do presidente Biscaia. Ele falta com o respeito aos integrantes da CPI, que jamais deixaram de respeitar sua autoridade', reagiu. 'Estou esperando acabar o segundo turno para promover a conciliação e continuar os trabalhos da CPI', comentou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).

Biscaia também partiu ontem para a politização da CPI, dizendo que há 'provas seguras e firmes' que comprovam o envolvimento do ex-ministro tucano da Saúde Barjas Negri, prefeito de Piracicaba, com a máfia das ambulâncias. Assegurou que há provas contra o empresário Abel Pereira, ligado a Barjas e envolvido por Luiz Antonio Vedoin. 'O Abel está envolvido até a raiz do cabelo. Não há dúvida.'

Ele achou 'procedimento político eleitoral' a visita do tucano Carlos Sampaio ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Na ocasião, Sampaio pegou a movimentação referente a um depósito de R$ 150 mil feito por Freud Godoy, ex-segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na conta de sua mulher Simone Godoy.

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