Título: PF identifica suspeitos de ser laranjas no caso dossiê
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2006, Nacional, p. A6

A Polícia Federal já identificou os supostos laranjas que petistas usaram para comprar a maior parte dos US$ 248,8 mil destinados à compra do dossiê Vedoin. Segundo a PF, eles são entre cinco e nove pessoas, de uma mesma família, residente na Baixada Fluminense. Todos são pobres e não tinham meios para realizar operação desse vulto. O objetivo agora é descobrir se eles ¿alugaram¿ seus CPFs, ou tiveram os nomes usados indevidamente pelos petistas, e se os donos da empresa que vendeu os dólares tinham conhecimento da operação.

A PF adiou a busca que faria ontem na Vicatur Câmbio e Turismo, de Nova Iguaçu, no Rio, de onde saiu a maior parte dos US$ 248,8 mil apreendidos com os petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos no dia 15 de setembro, em São Paulo. A justificativa para o adiamento da operação foi o vazamento do nome da empresa, além da alegação de ¿razões operacionais¿.

O objetivo da operação, agora sem data para ser realizada, é obter a contabilidade paralela da Vicatur e desmantelar o esquema que ela teria montado com clientes de fachada desde 2003 para lavagem de dinheiro. A investigação descobriu que um grupo de petistas se serviu desse esquema para limpar parte do dinheiro, provavelmente de origem ilícita, que usaria na compra do dossiê.

Autorizada a operar com câmbio de moeda estrangeira desde 1999, a Vicatur foi objeto de uma comunicação do Banco Central ao Ministério Público do Rio, por suspeita de irregularidade em operações de câmbio. Muitos clientes para os quais a agência vendia moeda estrangeira tinham CPF falso. Em alguns casos, as pessoas nem sequer sabiam que seus nomes tinham sido usados nas operações.

Com o atraso no cronograma, a PF não sabe se será possível chegar aos verdadeiros responsáveis pela compra dos dólares até o segundo turno da eleição, no domingo. Ontem, policiais realizaram diligências sigilosas para localizar os laranjas.