Título: Para senador, empresário tenta desviar foco do caso
Autor: Fausto Macedo, Sônia Filgueiras
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2006, Nacional, p. A7

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) chamou ontem de 'factóide' o depoimento do empresário Abel Pereira com o propósito de 'desviar a atenção das investigações sobre o esquema sanguessuga, comprovadamente gestado na administração federal do governo anterior'.

À Polícia Federal, Abel disse que Luiz Antônio Vedoin ofereceu-lhe dossiê contra Mercadante, que mostraria envolvimento do petista em irregularidades na liberação de emendas ao Orçamento da União. 'Não tive qualquer emenda liberada relacionada ao caso. Todas as emendas para ambulâncias estão com a CPI e seus autores, identificados', afirmou o senador. 'Isso pode ser comprovado em consulta ao orçamento, ao Ministério da Saúde, à Corregedoria-Geral da União e à própria CPI', acrescentou.

'Quando o depoente diz que houve três encontros com os Vedoin, ou foi para comprar o silêncio deles ou foi armação para atrair petistas para essa negociação', acusou Mercadante. Ele lembrou que o deputado Alberto Goldman (PSDB-SP) - vice-governador eleito de São Paulo - disse em entrevista ao Estado, há cerca de um mês, que recebera oferta de um dossiê contra o PT. 'Eu inclusive entrei com representação no Tribunal Regional Eleitoral para saber do que se tratava, quem ofereceu e as providências tomadas', afirmou.

'O que precisa ser investigado é se essa negociação patrocinada por Abel Pereira tinha como objetivo comprar o silêncio dos Vedoin e/ou montar uma grande armadilha para prejudicar a vitória de Lula e a minha ida para o segundo turno', enfatizou Mercadante, que divulgou nota à tarde sobre o depoimento de Abel. Ele disse que vai esperar a conclusão das investigações pela PF para 'tomar as medidas jurídicas cabíveis'.

Dez dias antes do primeiro turno da eleição, Mercadante afastou o coordenador de Comunicação de sua campanha ao governo de São Paulo, Hamilton Lacerda, envolvido na compra do dossiê Vedoin e apontado pela PF como o homem que teria levado a mala com o R$ 1,75 milhão que seria usado para comprar o suposto documento.