Título: Potências debatem sanções ao Irã
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/10/2006, Internacional, p. A16
EUA, França e Grã-Bretanha pedirão ao Conselho de Segurança da ONU que aprove um projeto de resolução proibindo a venda de mísseis e tecnologia nuclear ao Irã e suspendendo a maioria dos programas de ajuda técnica da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), revelaram ontem diplomatas em Viena.
Segundo eles, a resolução também pedirá aos países membros da ONU que neguem a entrada em seus territórios de funcionários iranianos envolvidos nos programas de mísseis ou tecnologia nuclear. Um dos diplomatas qualificou as medidas de moderadas e concentradas na tentativa de obter o apoio de Rússia e China, que devem receber o projeto hoje ou no máximo até o fim da semana.
Tanto Moscou quanto Pequim concordaram em princípio sancionar o Irã por se negar a atender o prazo de 31 de agosto para suspender seu programa de enriquecimento de urânio, mas mesmo assim continuam pressionando por um diálogo no lugar de sanções.
Diplomatas em Viena disseram ontem à agência Reuters que ainda havia um desentendimento entre os EUA e as potências européias sobre a questão da usina nuclear de Bushehr - um projeto de US$ 800 milhões que a Rússia está construindo no território iraniano para a geração de energia.
Os EUA querem que a Rússia pare com a construção, mas Alemanha, Grã-Bretanha e França defendem a continuidade do projeto e da cooperação técnica que a AIEA está dando para a usina nuclear e ameaçaram fazer circular seu próprio projeto de resolução. Um funcionário americano disse à Reuters que a questão deveria resolvida com a autorização para o prosseguimento de algumas partes do projeto. Tanto a China quanto a Rússia têm poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, formado também por EUA, França e Grã-Bretanha.
O Irã insiste que seu programa nuclear tem fins pacíficos. Mas EUA e outros países temem que Teerã esteja tentando fabricar armas nucleares.
O serviço de inteligência alemão indicou que é improvável que o Irã consiga desenvolver uma bomba nuclear antes de 2015. A estimativa está dentro dos prognósticos de entre 3 e 10 anos apresentados pela maioria dos especialistas internacionais (veja quadro). 'Segundo a atual taxa de enriquecimento , a república islâmica não teria quantidade suficiente de urânio altamente enriquecido para fabricar armas nucleares até 2010. Para uma bomba nuclear prevemos 2015', disse ontem em Berlim o chefe do BND, Ernst Uhrlau, ao jornal Welt am Sonntag.
Ainda ontem, o Irã criticou os exercícios militares que os EUA planejam realizar no fim do mês no Golfo Pérsico com Bahrein, Kuwait, França e Grã-Bretanha e os qualificou como uma provocação.
Um funcionário da chancelaria disse à agência iraniana Irna que as manobras militares são suspeitas e perigosas. Segundo informações, os exercícios navais perto do Bahrein praticarão a intercepção e inspeção de navios carregando armas de destruição em massa e mísseis. O funcionário disse que os exercícios não estão de acordo com a segurança e estabilidade da região e em vez disse têm o objetivo de aumentar a crise.