Título: Autorizado uso de célula-tronco em Rio Preto
Autor: CHICO SIQUEIRA
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/10/2006, Vida&, p. A20

O Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC) de São José do Rio Preto (SP) voltou a fazer cirurgia para implante de células-tronco em paciente com trombose arterial. Embora em caráter experimental, o implante é uma esperança para pacientes com indicações médicas de amputação de membros inferiores com trombose.

Foi o segundo implante feito no País. Em maio de 2005, médicos do IMC conseguiram salvar a perna de Ramón Torres Martins, de 50 anos, que seria amputada por causa de uma trombose. Martins leva hoje uma vida normal.

Os implantes ficaram paralisados por falta de protocolos da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) até 9 de outubro, quando o IMC operou uma mulher de 80 anos, portadora de arteriosclerose. A cirurgia faz parte de uma série de dez implantes autorizados pela Conep.

A paciente mora em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Ela já tinha perdido um dos dedos do pé direito e ficou sem outros dois, que os médicos tiveram de amputar. Ela recebeu 3,6 bilhões de células-tronco adultas, retiradas do seu osso ilíaco (medula óssea da bacia). Os médicos aplicaram as células no músculo da panturrilha. Células marcadas mostraram que elas ficaram onde os médicos desejavam.

O cirurgião vascular José Dalmo Araújo, autor do implante, diz que os resultados foram 'muito bons e fazem crer que a cirurgia será um sucesso'. 'Estou muito otimista, porque ela deixou de sentir dores, a pressão no tornozelo subiu, indicando que a irrigação voltou ao local, e a lesão mostrou sinais de cicatrização.'

De acordo com Araújo, estudos indicam que no Brasil existem cerca de 864 mil pessoas com isquemia crítica dos membros inferiores, que poderiam receber esse tipo de tratamento. 'Não dá para precisar quanto tempo levará, mas o tratamento, que hoje é experimental, será usado para salvar os membros de muitas pessoas', diz Araújo.

A tendência é mundial, segundo Araújo. Ele diz que, em 2005, quando fez o primeiro implante no Brasil, apenas a China e o Japão tinham realizado a cirurgia. 'Agora, a Polônia, Cuba e Turquia estão obtendo resultados.'

O IMC está captando novos pacientes. Para ser submetido ao implante, o paciente precisa ter como indicação a amputação do membro, ter no máximo 80 anos e não ser portador de diabete compensada (que não responde ao tratamento).

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