Título: Brasilianista acha difícil País liderar vizinhos
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/10/2006, Economia, p. B6

A liderança do Brasil na América do Sul, uma das metas da política externa do governo, vai exigir decisões difíceis e muito envolvimento, como mostra o atual conflito com a Bolívia. Esse foi o alerta de Kenneth Maxwell, diretor do Programa de Estudos sobre o Brasil da Universidade de Harvard.

'A realidade alcançou a retórica (sobre a liderança na América do Sul)', disse Maxwell, num seminário do Instituto Brasil do Woodrow Wilson Center. 'A liderança na região exige decisões difíceis e os países vizinhos vão ficar ainda mais problemáticos.'

Segundo ele, o Brasil desempenha um papel singular na América do Sul. 'O Brasil é o elefante da vizinhança, da mesma forma que os Estados Unidos são o elefante do hemisfério', disse.

Ele apontou os riscos da aspiração do Brasil a líder do continente. 'Um líder precisa de seguidores', disse. 'Mas os países de língua espanhola da América do Sul não querem seguir o Brasil; a Argentina nem sequer apóia a candidatura do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU'.

Maxwell elogiou, porém, a inserção do Brasil nos BRICs e sua integração com a economia global, ao contrário do México, que depende predominantemente de seu comércio com os Estados Unidos.

Segundo o brasilianista, o imbróglio com a Bolívia teve o resultado curioso de neutralizar a retórica antiamericana e o nacionalismo no Brasil. 'A coisa muda quando você é que está sendo chamado de imperialista', disse.

Maxwell apontou também a ascensão de Marco Aurélio Garcia, ex-assessor de Lula para assuntos internacionais e atual coordenador da campanha. 'Acredito que ele terá um papel muito importante em um eventual segundo governo Lula.'