Título: À espera do petista, OAB ameaça deixar cadeira vazia
Autor: Guilherme Scarance
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/10/2006, Nacional, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não confirmou se vai participar de sabatinas que estão sendo organizadas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Programadas para ocorrer entre os dias 16 e 18, elas já contam com a presença garantida do tucano Geraldo Alckmin. Se Lula não comparecer, a OAB deixará uma cadeira vazia para marcar sua ausência, a exemplo do que fez a TV Globo em debate realizado ainda no primeiro turno.

'Não podemos deixar de registrar a ausência publicamente como uma recusa ao debate democrático', justificou o presidente da OAB, Roberto Busato. Os adversários serão ouvidos pela Ordem dos Advogados em sessões separadas. A primeira meia hora de cada reunião será reservada para que o candidato apresente, sem apartes, sua plataforma de governo. Em seguida, ele responderá a perguntas feitas por uma bancada de sete integrantes do Conselho Federal da OAB.

O convite a Lula foi entregue por Busato ao ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que pediu um prazo para dar a resposta. O primeiro limite estabelecido, dia 6, venceu sem definição. Foi escolhido então um novo prazo, dia 10, mas também não houve resposta, o que fez os organizadores temerem que Lula não compareça.

'Não acredito que o presidente recusará o convite, pois em todas as suas campanhas anteriores bateu à nossa porta e serviu-se de nossa tribuna, que é a tribuna da sociedade civil, para difundir suas idéias. Não será agora, que estamos a lhe oferecer essa mesma tribuna para exercício democrático de cidadania, que ele a recusará', disse Busato.

As regras das sabatinas não permitem perguntas ofensivas à honra dos candidatos, mas não fazem restrições a temas. Assim, assuntos como o dossiê Vedoin poderão ser explorados. De acordo com fontes da OAB, alguns advogados acham que a demora do presidente em responder ao convite pode estar sendo provocada pelo fato de a entidade ter discutido há cerca de cinco meses a hipótese de apresentar o pedido de impeachment de Lula.

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