Título: Tucano defende ajuste fiscal
Autor: Silvia Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/10/2006, Nacional, p. A5
O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, reagiu ontem às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que a política fiscal é a 'ferida' do governo do PT e que o País precisa, sim, de um corte de gastos e enxugamento da máquina administrativa para crescer. 'É óbvio que a questão fiscal é pôr o dedo na ferida', afirmou, após assistir à missa na Basílica de Aparecida, no interior de São Paulo, em comemoração do dia da padroeira do Brasil. 'O País tem um problema fiscal, que está no centro da questão do crescimento. Se ficarmos rodeando e não enfrentarmos o problema, vamos crescer só 2% enquanto os outros, 7%.'
A artilharia de Alckmin foi uma resposta a Lula, que disse, em entrevista ao jornal O Globo publicada ontem (leia na página 7), que o País está pronto para um ciclo de crescimento de mais de 5% ao ano sem precisar cortar despesas, fazer novas reformas ou reduzir o tamanho do Estado.
Ressaltando ter opinião bem diferente da de seu adversário, Alckmin acusou Lula de usar mal o dinheiro público e superfaturar obras. 'Eu penso diferente do presidente Lula e é bom que seja assim. O governo gasta muito e mal. Trinta e quatro ministérios, uma quantidade infinita de cargos em comissão, custeio elevado e superfaturamento de obras e compras', criticou. E concluiu: 'O País não vai crescer como tem que crescer se continuar com uma carga tributária de 38% do PIB.'
O candidato voltou a explorar os escândalos de corrupção do governo Lula para marcar as diferenças que aponta em relação ao seu adversário. 'Temos diferenças. Diferença ética, por exemplo. Eu não sou tolerante com a corrupção', ironizou.
A presença de Alckmin na basílica causou furor entre os fiéis. Com sua mulher, dona Lu, o ex-governador - a única autoridade aplaudida na igreja- foi recebido com palavras de apoio à sua candidatura. Na saída, teve de ser escoltado para andar pelos corredores. De uma fiel, recebeu uma carta apimentada contra Lula e com um pedido: melhorar o salário dos aposentados. 'O Lula acabou com a gente', dizia o texto.
Também participaram da missa o governador Cláudio Lembo (PFL), o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o senador Eduardo Suplicy (PT).
SAIA-JUSTA
O petista atacou Alckmin. Dividindo a mesa de entrevista, Suplicy criticou o tom agressivo do tucano no debate da TV Bandeirantes e cobrou respeito para com o presidente Lula. O senador ainda foi mais longe. 'Eu queria pedir ao governador Alckmin para ler com muita atenção a Lei 2.836, que, diferentemente do que ele disse no debate, existe, sim, contrapartida. Estou falando do Bolsa-Família.' Alckmin acusou Lula de enfraquecer as contrapartidas do programa com interesses eleitorai s. mas o tucano evitou polemizar. 'Hoje é dia de Nossa Senhora e Nossa Senhora é amor.'