Título: 'Dinheiro barato ajuda consumo'
Autor: Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/10/2006, Economia, p. B1

O governo conta com o aumento do consumo, impulsionado pelo crédito barato, para garantir um crescimento econômico de 4% em 2006 e de 5% a 6% num eventual segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. 'Está havendo, no País, uma reativação do crédito, as empresas estão se preparando para o final de ano que será muito melhor que o ano passado', disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista à Radiobrás, acrescentando que é esperado um aumento de 10% nas vendas.

'As empresas estão esperando este aumento de consumo que vai ativar a economia brasileira neste último trimestre.' A maior parte dos bancos e consultorias econômicas aposta num crescimento mais modesto este ano, na casa dos 3%.

O ministro da Fazenda comentou que, por causa da queda da inflação, as prestações do financiamento para a compra de bens de valor elevado estão acessíveis. 'Tem gente vendendo automóveis com um real de entrada', comemorou. 'O cidadão hoje não precisa ter alta renda para adquirir um bem de consumo durável.' Segundo Mantega, a economia brasileira está organizada, com as contas públicas e o balanço de pagamentos equilibrados. Por isso, o Brasil tornou-se 'confiável' para os agentes financeiros e foi possível ter financiamentos de longo prazo, com prestações pequenas. 'Então, é mais fácil comprar automóvel, eletroeletrônico e até casa', ressaltou.

'O crédito habitacional está crescendo e a indústria de construção civil está crescendo como não crescia nos últimos 20 anos.' Mantega admitiu que, num segundo governo, será necessário fazer uma reforma trabalhista, 'mas não dentro desse espírito liberal e ortodoxo que chegaram a cogitar, tirando todos os direitos do trabalhador, como não pagar o 13º, acabar com as férias etc.Acho que o que se pode fazer é simplificar e modernizar'.

Já a reforma da Previdência, disse o ministro, é desnecessária no momento porque está aumentando o emprego no País. Ele reafirmou que pretende cortar parcialmente a carga tributária e explicou que as novas desonerações não desequilibrarão as contas públicas porque a economia estará crescendo e novos contribuintes serão agregados à base.

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